São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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BP culpa parceiras por vazamento de plataforma

Empresa indica falhas de subcontratadas em desastre no golfo do México

Relatório, baseado em 4 meses de investigações, é recebido como ensaio de peça de defesa para esperada batalha legal

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A BP divulgou ontem relatório sobre o vazamento de petróleo no golfo do México em que joga a maior parte do peso do desastre ambiental para empresas subcontratadas na exploração do poço.
No texto, de 193 páginas e baseado em quatro meses de investigações, a empresa britânica diz que "nenhum fator em particular provocou a tragédia no poço de Macondo".
"Em vez disso, uma complexa e interligada cadeia de mau julgamento humano, falhas mecânicas, de projeto, de implementação operacional e de ação de equipes levou à escalada do acidente."
No dia 20 de abril, uma explosão na plataforma Deepwater Horizon matou 11 pessoas e feriu outras 17, dando origem a um vazamento de até 5 milhões de barris de petróleo em quase três meses.
Se confirmada, a estimativa faz da tragédia ambiental a mais grave da história, só contida em meados de julho e após sucessivos fracassos de contenção do vazamento.
A BP atribui a maior parte da culpa para a Halliburton -da qual o ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney foi CEO- e a Transocean.
A empresa critica, entre outros pontos, uma barreira de cimento na base do poço, produzida pela Halliburton, e a ausência de testes de um sistema de prevenção de acidentes -que seria de responsabilidade da Transocean.
A BP admite, no entanto, que funcionários seus -junto com os da Transocean- não reagiram de maneira apropriada depois dos primeiros sinais do vazamento que provocaria a explosão.

PEÇA DE DEFESA
A investigação, porém, não é conclusiva, uma vez que a equipe de cerca de 50 pessoas -liderada pelo chefe de segurança da BP, Mark Bly- não teve acesso a várias testemunhas nem ao equipamento que falhou em conter o vazamento, retirado do leito do golfo no último sábado.
Mas, para analistas, o relatório serve para antecipar a linha de defesa da empresa britânica ante a batalha legal que se anuncia pela reparação dos danos causados pelo acidente a moradores, à economia e ao meio ambiente.
Órgãos do governo americano também investigam o acidente, e o Departamento da Justiça avalia apresentar acusações civis e criminais contra a empresa britânica.
O prejuízo à BP causado pela tragédia ultrapassava os US$ 20 bilhões no final de julho, e a empresa já se comprometeu a arcar com US$ 32,2 bilhões em reparações.


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