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Vitorioso, governo da Costa Rica negocia aplicação do TLC
Acordo com EUA, ratificado em referendo, depende de aprovação de 13 leis
Legislação abrirá mercado de telecomunicações; "Sim" ao tratado comercial obteve 51,6% dos votos, mas "não" fez pedido de recontagem
DA REDAÇÃO
A vitória do "sim" no referendo que a Costa Rica fez anteontem sobre o TLC (Tratado de
Livre Comércio) assinado com
os EUA em 2004 não encerra o
trabalho do governo de centro-direita de Oscar Arias para efetivamente implantar o acordo.
Agora, Arias precisa costurar
alianças que permitirão passar
pela Assembléia Legislativa 13
leis complementares embutidas no tratado, entre elas as que
quebrarão o monopólio estatal
de telecomunicações e seguros
e alterarão regras sobre propriedade intelectual, com impacto na compra de remédios
genéricos. Os pontos são os
mais controversos da proposta
e basearam a potente campanha do "não".
O TLC foi ratificado com
51,6% dos votos a favor. Vitória
apertada, como previsto, sobre
os opositores, que obtiveram
48,3% -dados com 97% das urnas apuradas até ontem.
Parte dos contrários ao acordo ainda não admitiu a derrota
-a divulgação dos primeiros
resultados provocou incidentes nas ruas da capital San José,
com a queima de bandeiras e
protestos por partidários do
"não". Os opositores já pediram
a recontagem dos votos, que
pode levar 15 dias.
A realização do primeiro referendo da Costa Rica e o primeiro de um país da região sobre acordos do tipo ocorreu sob
pressão da Casa Branca, que
reafirmou, na véspera, que se a
Costa Rica rejeitasse o TLC não
haveria renegociação nem
prorrogação das preferências
tarifárias. Ontem os EUA comemoraram o resultado.
A aprovação também foi comemorada pelos vizinhos, já
que o tratado faz parte do Cafta-DR, assinado em conjunto
por Nicarágua, Guatemala,
Honduras, El Salvador e República Dominicana. Todos já o
haviam ratificado. A expectativa é que, unidos sob o Cafta, os
países evoluam para uma união
aduaneira, o que beneficiaria a
negociação para um acordo comercial com a União Européia.
Ofensiva legislativa
O prazo para que o pacote de
leis ligadas ao TLC seja aprovado é março de 2008. Segundo o
"Financial Times", o governo
reunirá os 38 votos necessários,
mas terá que negociar o apoio
de partidos, já que o governista
PLN (Partido da Libertação
Nacional) só tem 25 cadeiras na
Assembléia.
A ofensiva legislativa do governo começou ontem, com a
convocação de toda a bancada
de apoio ao tratado -mas não
necessariamente de apoio a
Arias- para conversar sobre
"uma necessária agenda social"
ligada ao acordo, com projetos
de incentivo a pequenas e médias empresas e programas
educacionais "de modo a aproveitar da melhor maneira possível a oportunidade do TLC".
Enquanto isso, a principal legenda opositora, o PAC (Partido da Ação Cidadã), com 17 cadeiras no Parlamento, afirmava
que quer negociar alternativas
"para compensar o impacto do
acordo" e que o governo venceu
o referendo, "mas não a agenda
de implementação do TLC".
Os EUA são o principal parceiro comercial da Costa Rica.
Segundo o governo, o país foi o
destino de 41% das exportações
costarriquenhas em 2006.
Com o TLC, os produtos entrarão com tarifa zero no mercado americano. Por outro lado, os gêneros agrícolas locais
terão de concorrer com os subsidiados importados.
Com agências internacionais
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