São Paulo, sexta-feira, 09 de outubro de 2009

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Berlusconi volta a atacar presidente e juízes

Um dia após perder imunidade, premiê italiano diz que acusações contra ele são risíveis e que ele mostrará "do que é feito" na Justiça

Artilharia verbal contraria até aliados de premiê, como presidente do Parlamento, que pede respeito a chefe de Estado e a Judiciário


DE GENEBRA

O premiê italiano, Silvio Berlusconi, jurou "se defender" e "mostrar do que é feito" caso tenha que voltar aos tribunais para responder a duas acusações de corrupção que poderão ser reabertas depois de o Tribunal Constitucional anular, anteontem, sua imunidade.
"Esses dois julgamentos são risíveis, são uma farsa que eu vou explicar para os italianos até na TV", disse ontem o político direitista e empresário, dono do maior conglomerado privado de mídia do país.
A máxima instância jurídica italiana decidiu na quarta que a imunidade dada ao premiê pelo Parlamento em 2008 violava a premissa constitucional de que todos são iguais ante a lei.
Mas Berlusconi minimizou a decisão que pode levá-lo a seu pior momento político em quase duas décadas. O premiê direitista já está fragilizado no país por uma série de escândalos sexuais e pela crise econômica, e, fora dele, pelas críticas a sua política migratória.
Ontem, voltou a acusar a magistratura de esquerdismo e a criticar o presidente Giorgio Napolitano. "O presidente foi eleito por uma maioria de esquerda. Suas raízes políticas são totalmente de esquerda, e foi ele quem designou os juízes do Tribunal Constitucional, o que mostra de que lado está", disse ele a uma rádio.
Na véspera, o premiê telefonara a um dos principais programas de suas emissoras, o "Porta a Porta", em horário nobre, e fizera críticas parecidas.
Mas os ataques parecem ter dividido sua coalizão. O presidente do Parlamento, Gianfranco Fini, afirmou que, por legítimo que seja, o direito do premiê se defender "não pode substituir o dever que ele tem de respeitar o chefe de Estado e o Tribunal Constitucional".
Berlusconi disse que não vai renunciar. Mesmo assim, a decisão do Tribunal mergulhou em incertezas o país conhecido por raras vezes ter tido um premiê que terminasse o mandato -o de Berlusconi vai até 2013.
Analistas de mercado também já olham com atenção para o conglomerado do premiê, um dos homens mais ricos da Itália, com fortuna de 6,5 bilhões. É dele o grupo de investimentos Fininvest, que controla a Mediaset, dona de canais de TV e de uma agência de publicidade; de uma empresa financeira e do clube de futebol Milan. Envolvido em um caso de suborno, o grupo pode receber uma multa milionária que se somará a uma dívida de 1,7 bilhão. (LUCIANA COELHO)

Com agências internacionais



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