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Berlusconi volta a atacar presidente e juízes
Um dia após perder imunidade, premiê italiano diz que acusações contra ele são risíveis e que ele mostrará "do que é feito" na Justiça
Artilharia verbal contraria até aliados de premiê, como presidente do Parlamento, que pede respeito a chefe
de Estado e a Judiciário
DE GENEBRA
O premiê italiano, Silvio Berlusconi, jurou "se defender" e
"mostrar do que é feito" caso
tenha que voltar aos tribunais
para responder a duas acusações de corrupção que poderão
ser reabertas depois de o Tribunal Constitucional anular, anteontem, sua imunidade.
"Esses dois julgamentos são
risíveis, são uma farsa que eu
vou explicar para os italianos
até na TV", disse ontem o político direitista e empresário, dono do maior conglomerado privado de mídia do país.
A máxima instância jurídica
italiana decidiu na quarta que a
imunidade dada ao premiê pelo
Parlamento em 2008 violava a
premissa constitucional de que
todos são iguais ante a lei.
Mas Berlusconi minimizou a
decisão que pode levá-lo a seu
pior momento político em quase duas décadas. O premiê direitista já está fragilizado no
país por uma série de escândalos sexuais e pela crise econômica, e, fora dele, pelas críticas
a sua política migratória.
Ontem, voltou a acusar a magistratura de esquerdismo e a
criticar o presidente Giorgio
Napolitano. "O presidente foi
eleito por uma maioria de esquerda. Suas raízes políticas
são totalmente de esquerda, e
foi ele quem designou os juízes
do Tribunal Constitucional, o
que mostra de que lado está",
disse ele a uma rádio.
Na véspera, o premiê telefonara a um dos principais programas de suas emissoras, o
"Porta a Porta", em horário nobre, e fizera críticas parecidas.
Mas os ataques parecem ter
dividido sua coalizão. O presidente do Parlamento, Gianfranco Fini, afirmou que, por
legítimo que seja, o direito do
premiê se defender "não pode
substituir o dever que ele tem
de respeitar o chefe de Estado e
o Tribunal Constitucional".
Berlusconi disse que não vai
renunciar. Mesmo assim, a decisão do Tribunal mergulhou
em incertezas o país conhecido
por raras vezes ter tido um premiê que terminasse o mandato
-o de Berlusconi vai até 2013.
Analistas de mercado também já olham com atenção para
o conglomerado do premiê, um
dos homens mais ricos da Itália, com fortuna de 6,5 bilhões. É dele o grupo de investimentos Fininvest, que controla
a Mediaset, dona de canais de
TV e de uma agência de publicidade; de uma empresa financeira e do clube de futebol Milan. Envolvido em um caso de
suborno, o grupo pode receber
uma multa milionária que se
somará a uma dívida de 1,7
bilhão.
(LUCIANA COELHO)
Com agências internacionais
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