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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Ríos Montt é candidato do governo, mas, pela Constituição, não poderia concorrer; grande efetivo dá segurança

Guatemala escolhe presidente com ex-ditador no páreo

JOÃO CARLOS BOTELHO
DA REDAÇÃO

As eleições presidenciais de hoje na Guatemala se realizam com um contingente de segurança de 48,2 mil soldados e policiais e outro de mais de 5.000 observadores eleitorais. O ex-ditador Efraín Ríos Montt (1982-1983) é o candidato do presidente Alfonso Portillo, apesar de a Constituição vetar a participação de ex-ditadores.
O reforço de 27,2 mil homens do Exército foi convocado porque ex-paramilitares que ajudavam a combater a guerrilha durante a guerra civil (1960-96) ameaçaram tumultuar a votação para protestar contra o não-pagamento de suas indenizações pelo governo.
Há cerca de 5 milhões de eleitores. Além do presidente, cujo mandato é de quatro anos, serão escolhidos 158 deputados para o Congresso, os prefeitos das 331 cidades do país e 20 deputados no Parlamento Centro-Americano.
Os candidatos a presidente são 11. Só um postulante a vice representa os indígenas, que são cerca de 45% da população. Segundo a última pesquisa do instituto Vox Latina, os favoritos são Oscar Berger, de direita, e Alvaro Colom, de centro-direita. Se ninguém tiver mais de 50% dos votos, haverá segundo turno em 28 de dezembro.
Berger, da Gana (Grande Aliança Nacional), tinha 30,9%, contra 27,4% de Colom, da UNE (União Nacional da Esperança). Ríos Montt, da governista FRG (Frente Republicana Guatemalteca), de direita, era terceiro, com 11,4%.
Entre os observadores estrangeiros, os principais são a Organização dos Estados Americanos e a União Européia. Já o maior contingente é do grupo local Observador Eleitoral. "Isso é novo. Ao menos com essa articulação", disse o sociólogo Alvaro Velasquez, da Universidad Católica. A possibilidade de fraude, porém, foi descartada. Apesar disso, houve denúncias de grupos de direitos humanos e setores empresarias, que apóiam Berger, sobre ameaças de violência que favoreceriam Ríos Montt. Durante a campanha, 29 opositores foram mortos.
A indígena Rigoberta Menchú, Nobel da Paz em 1992, pediu o voto em Berger ou Colom, para evitar que o ex-ditador, a quem acusa de genocídio, tenha chance. A candidatura dele foi liberada pela Corte Constitucional, acusada de ser dominada por governistas.


Com agências internacionais


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