São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

análise

Mensagem a Bush em alto e bom som

ROBIN TONER
DO "NEW YORK TIMES"

A era do governo republicano unipartidário em Washington terminou com um estrondo nas eleições parlamentares, enviando ao presidente inflexível o aviso de que os eleitores querem mudanças, sobretudo com relação à Guerra do Iraque.
Bush agora está diante da primeira maioria democrata na Câmara em 12 anos e de um contingente democrata significativamente maior no Senado, eleito em grande parte com base na promessa de agir como freio a sua administração. Praticamente qualquer iniciativa importante que for tomada nos últimos dois anos de seu mandato precisará do apoio dos dois partidos.
Há seis anos Bush vem governando com a atenção voltada à sua base de apoio conservador. Mas a eleição de anteontem mostrou os limites dessa política, conforme praticada por Bush e seu principal estrategista, Karl Rove.
Uma parcela significativa de eleitores disse que encarou seu voto como voto contra Bush -mais ou menos o dobro da parcela dos que disseram ter votado por ele. Foi uma reviravolta notável para um presidente que, apenas dois anos atrás, emergira triunfal de sua campanha de reeleição, declarando que ganhara capital político e pretendia gastá-lo.
O capital em questão foi se esvaindo lentamente. Nos últimos dias, as viagens de Bush a regiões mais republicanas e menos competitivas do país representaram um retrato de seu isolamento político.
Após uma campanha que só fez escalar a tensão com os democratas do Congresso, o presidente agora estará sob pressões avassaladoras por uma abordagem conciliatória.
Mas boa parte da agenda doméstica de Bush, que já não estava passando pelo Congresso atual sem dificuldades, agora vai enfrentar obstáculos muito maiores. Mesmo que ele faça gestos grandiosos, é possível que os democratas, pensando na campanha presidencial de 2008, não tenham vontade de retribuir. Analistas também dizem que é praticamente inevitável uma mudança de rumo no Iraque.
Os líderes democratas na Câmara já indicaram que não vão cortar o financiamento da guerra; seu maior poder será o de investigar, promover audiências e fornecer a fiscalização que, dizem, se fez notar por sua ausência nos últimos anos.


Tradução de CLARA ALLAIN


Texto Anterior: Barack Obama
Próximo Texto: Já começou a corrida de 2008 à Casa Branca
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.