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análise
Mensagem a Bush em alto e bom som
ROBIN TONER
DO "NEW YORK TIMES"
A era do governo republicano unipartidário em
Washington terminou
com um estrondo nas eleições parlamentares, enviando ao presidente inflexível o aviso de que os
eleitores querem mudanças, sobretudo com relação à Guerra do Iraque.
Bush agora está diante
da primeira maioria democrata na Câmara em 12
anos e de um contingente
democrata significativamente maior no Senado,
eleito em grande parte
com base na promessa de
agir como freio a sua administração. Praticamente
qualquer iniciativa importante que for tomada nos
últimos dois anos de seu
mandato precisará do
apoio dos dois partidos.
Há seis anos Bush vem
governando com a atenção
voltada à sua base de apoio
conservador. Mas a eleição de anteontem mostrou os limites dessa política, conforme praticada
por Bush e seu principal
estrategista, Karl Rove.
Uma parcela significativa de eleitores disse que
encarou seu voto como voto contra Bush -mais ou
menos o dobro da parcela
dos que disseram ter votado por ele. Foi uma reviravolta notável para um presidente que, apenas dois
anos atrás, emergira triunfal de sua campanha de
reeleição, declarando que
ganhara capital político e
pretendia gastá-lo.
O capital em questão foi
se esvaindo lentamente.
Nos últimos dias, as viagens de Bush a regiões
mais republicanas e menos competitivas do país
representaram um retrato
de seu isolamento político.
Após uma campanha
que só fez escalar a tensão
com os democratas do
Congresso, o presidente
agora estará sob pressões
avassaladoras por uma
abordagem conciliatória.
Mas boa parte da agenda
doméstica de Bush, que já
não estava passando pelo
Congresso atual sem dificuldades, agora vai enfrentar obstáculos muito
maiores. Mesmo que ele
faça gestos grandiosos, é
possível que os democratas, pensando na campanha presidencial de 2008,
não tenham vontade de retribuir. Analistas também
dizem que é praticamente
inevitável uma mudança
de rumo no Iraque.
Os líderes democratas
na Câmara já indicaram
que não vão cortar o financiamento da guerra; seu
maior poder será o de investigar, promover audiências e fornecer a fiscalização que, dizem, se fez
notar por sua ausência nos
últimos anos.
Tradução de CLARA ALLAIN
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