São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Já começou a corrida de 2008 à Casa Branca

DA REDAÇÃO

A sucessão de George W. Bush foi aberta pelos resultados da derrota republicana nas eleições de anteontem.
Nem tanto pela demonstração de força de algumas poucas lideranças-caso da democrata Hillary Clinton, reeleita senadora por Nova York, ou do republicano John McCain, senador pelo Arizona, que percorreu em quatro semanas 21 Estados como cabo eleitoral prestigioso de seu partido.
Mas sobretudo porque, com Bush enfraquecido e refém de um Congresso de oposição, torna-se mais clara a discussão sobre quem disputará a Casa Branca em 2008.
Há ainda uma singularidade, assinalada pela Associated Press. Esta é a primeira vez desde 1928, quando se elegeu Calvin Coolidge, que uma pré-campanha se inicia totalmente em branco, sem um presidente que possa tentar a reeleição ou um vice que queira sucedê-lo.
Hillary, mulher do ex-presidente Bill Clinton, fez a mais cara das campanhas para o Senado. Gastou US$ 30 milhões. Nos Estados Unidos ela não é uma perdulária; demonstrou, ao contrário, sua competência para arrecadar doações.
Ela nega que esteja em campanha. O mesmo ocorre com uma figura de rápida ascensão dentro da política americana, o senador democrata negro Barack Obama, 45, de Illinois, popular como um cantor de rock, que inicia nesta semana uma turnê pelo país para o lançamento de seu livro. E que tem um discurso tão convincente sobre a fé religiosa que os republicanos acreditam que ele pretenda furtar a receita deles.
Estará obviamente medindo a temperatura para as consultas às bases do Partido Democrata que começam em dezembro do ano que vem. Obama tem transformado em atributo positivo aquilo que as raposas democratas encaram como algo temerário: sua carreira de apenas dois anos no Congresso.
McCain é a grande estrela republicana. Tem inteligência e carisma e seu único senão é a idade, 71 anos. Concorreu com Bush nas primárias do partido em 2000. Foi leal ao presidente. Mas anteontem, com as urnas já abertas, disse que os eleitores republicanos haviam dado como recado o retorno ao conservadorismo de Ronald Reagan. Ou seja, o atual presidente não é uma referência.
Os comentaristas americanos apontavam ontem duas dezenas de outros nomes com condições de despontar dentro de um ou de outro partido.
No campo republicano, há o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, com a biografia política marcada pelo 11 de Setembro. Há seu sucessor, Michael Blomberg, milionário e capaz de autofinanciar sem limites legais a própria campanha. Ou então o governador Mitt Romney, de Massachusetts -um Estado historicamente democrata-, Bill Frist, do Tennessee, líder da antiga maioria no Senado, e até Newt Gingrich, presidente do Senado no final dos anos 90.
Entre os democratas também movimentam-se com sintomas de ambição presidencial o ex-senador John Edwards, que já foi candidato a vice, e os senadores Joe Biden, Evan Bayh, Christopher Dodd, ou ainda o governador Bill Richardson, do Novo México.
Os analistas acreditam que John Kerry, senador por Massachusetts e adversário de Bush há dois anos, esteja enfraquecido, em razão da gafe verbal cometida ao aconselhar estudantes a se empenharem em suas universidades, caso não queiram "atolar" no Iraque. A propaganda republicana explorou a afirmação, como se fosse uma crítica geral aos soldados.


Com agências internacionais


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