São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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ELEIÇÃO NOS EUA / REAÇÕES

Países pedem nova política ao Congresso americano

Governos estrangeiros apontam erros no Iraque; Chávez fala de uma "surra"

União Européia pede a novo Congresso abertura para tirar negociações de Doha do impasse; foi lição para Blair, diz deputado britânico

DA REDAÇÃO

Nem todos os governantes ou instituições oficiais reagiram de forma tão agressiva à derrota do presidente George W. Bush quanto a bancada socialista no Parlamento Europeu, para a qual os eleitores americanos "puseram fim a um pesadelo de oito anos". O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que Bush "levou uma surra" por exercer o governo "de maneira verdadeiramente selvagem".
As reações foram em geral mais moderadas, ou ao menos com palavras mais comedidas.
O presidente da Comissão Européia, José Durão Barroso, apelou ao novo Congresso americano para que se esforce para tirar as negociações comerciais de Doha do impasse. Disse que o bloco europeu pretende trabalhar "de maneira construtiva" com os congressistas e com a Casa Branca.
Em Roma, o primeiro-ministro, Romano Prodi, disse que o resultado insatisfatório para Bush se justificava "fundamentalmente" pela oposição dos americanos à Guerra do Iraque. A Itália chegou a participar dela, sob o governo anterior, de Sílvio Berlusconi, mas retirou seus militares de campo.
O ministro italiano do Exterior, Massimo D"Alema, afirmou que se assiste ao fim "das guerras preventivas e do unilateralismo" diplomático.
No Reino Unido o primeiro-ministro Tony Blair não se pronunciou. Mas um de seus adversários de dentro do Partido Trabalhista, John McDonnell, disse ter sido uma lição quanto à política americana no Iraque. Para ele, "além de atingir Bush, as eleições americanas deixaram Blair totalmente isolado na comunidade internacional".
O presidente francês, Jacques Chirac, ficou calado. Mas um deputado próximo a ele, François Fillon, declarou estar feliz por testemunhar a diplomacia americana sendo criticada pelos próprios americanos, "porque ela é de má qualidade".
Ainda na França, Laurent Fabius, pré-candidato socialista à sucessão presidencial, disse que "os americanos reagiram ao fato de Bush lhes ter mentido", menção aos perigos que Saddam Hussein representava antes do início da guerra.
Na Dinamarca, quem falou foi o primeiro-ministro, Anders Fogh Rasmussen. "Espero que o presidente e o Congresso, sob essas novas condições, cheguem a uma solução com relação ao Iraque e ao Afeganistão." Disse ainda que a Casa Branca entenderá o recado das urnas.
O PSOE, partido do premiê José Luis Zapatero, saudou as eleições e disse que seu resultado "ajudará a mudar os rumos da diplomacia dos EUA".
A chanceler alemã, Angela Merkel, não se pronunciou. Mas Karsten Voigt, das relações franco-alemãs na chancelaria, desejou maior entendimento com os europeus.


Com agências internacionais


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