São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Vitória democrata dificulta relações comerciais dos EUA com o Brasil

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

A vitória dos democratas na Câmara tende a dificultar as relações comerciais entre o Brasil e os EUA. Historicamente mais protecionista, o partido deve endurecer as negociações com países da América Latina quando se trata de livre comércio.
Pior: vence em 31 de dezembro o Sistema Geral de Preferência, que favorece 133 países que exportam para o mercado norte-americano. O SGP foi criado em 1974 como um mecanismo transitório para facilitar a integração de economias pobres no comércio global. A idéia era dar reduções tarifárias enquanto os países melhoravam sua capacidade de competir no exterior. Proposta de dois republicanos quer excluir Brasil e Índia do SGP. Em 2005, o país exportou US$ 3,6 bilhões (15% do total vendido aos EUA) pelo sistema.
Ontem, legisladores democratas prometeram cooperação bipartidária com republicanos para a liberalização do comércio, promessa vista com ceticismo por analistas. Charles Rangel, novo deputado democrata no comando da comissão da Câmara pelo qual passam os projetos relativos a tributação e negociações comerciais, pediu ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, que ajude a identificar políticas com as quais os dois lados possam lidar juntos nos primeiros meses de 2007, de forma a construir uma "relação de confiança".
"Os políticos do Congresso não estão muito estimulados porque os democratas são tradicionalmente contra acordos multilaterais e são mais enfáticos em relação ao poderoso lobby agrícola americano", avalia Victor Mauer, ex-diretor do Center for Security Studies.
Outro mecanismo que favorece o comércio americano com os países latino-americanos, o "fast track" (modalidade na qual o presidente norte-americano negocia os termos do acordo, que pode ser aprovado ou rejeitado pelo Congresso, que não pode, no entanto, propor alterações no que foi acordado), termina em junho do próximo ano.
"Os republicanos não deram o "fast track" a Clinton e é pouco provável que os democratas renovem o sistema para Bush", diz Riordan Roett, diretor do Programa de Estudos Latino-Americanos da Universidade Johns Hopkins.


Com agências internacionais


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