São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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REINO UNIDO

Novo dossiê faz pressão sobre polícia no caso Jean Charles

PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES

Um novo relatório da Comissão Independente de Queixas Contra a Polícia (IPCC, na sigla inglês) revela novas falhas na atuação da polícia britânica no assassinato do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, no metrô de Londres, em julho de 2005, e alimenta a pressão pela saída do chefe da instituição, Ian Blair.
O documento de 167 páginas, divulgado ontem, deixa claro que a reação do brasileiro ao ser agarrado por um dos policiais, no vagão do metrô, foi normal: dos 17 passageiros que presenciaram a cena e foram ouvidos no inquérito, ninguém se lembra dos policiais da unidade armada se identificando. Os oito policiais, que escreveram juntos sua versão dos fatos, contradizem os relatos dos passageiros, colhidos individualmente.
Outra falha revelada ontem foi que a comandante das operações naquele dia, Cressida Dick, perdeu parte de uma reunião matinal. Um dos maiores erros do caso foi que os policiais que montaram guarda em frente à casa de onde saiu Jean Charles naquela manhã de 2005 receberam uma ordem para "parar" os suspeitos -mas jamais ficou claro se "parar" significava abordar ou matar.
O documento estava pronto desde janeiro de 2006 e serviu como base para a acusação no julgamento da polícia como instituição, encerrada há duas semanas. Na ocasião, a Justiça considerou que as vidas dos cidadãos foram colocadas em risco sem justificativa e impôs uma multa de 175 mil libras (R$ 630 mil) à polícia. Nenhum dos policiais foi individualmente julgado.
A divulgação de ontem tem um enorme peso político contra o chefe da polícia britânica. O relatório diz que Ian Blair tentou atrapalhar a investigação da IPCC. Anteontem, uma comissão parlamentar deu um "voto de desconfiança" contra Blair, mas ele diz que continuará no cargo.


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