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Sob pressão, presidente da Geórgia antecipa eleições
Pró-Ocidente, Saakashvili medirá forças com oposição para renovar mandato
Estado de emergência ainda vigora na ex-república soviética e tanques ocupam ruas; repressão a protestos deixou mais de 500 feridos
C. J. CHIVERS
DO "NEW YORK TIMES", EM MOSCOU
O presidente da Geórgia, país
que se encontra em estado de
emergência desde que a polícia
reprimiu com violência as manifestações da oposição, na
quarta-feira, anunciou ontem
que vai participar de uma eleição presidencial antecipada em
5 de janeiro. Mikhail Saakashvili disse também que no mesmo dia será realizado um referendo sobre o cronograma das
eleições parlamentares, cuja
realização a oposição pede para
o primeiro semestre de 2008.
O anúncio de Saakashvili pareceu ser um esforço para dar
cabo rapidamente da agitação
doméstica e da crescente condenação internacional aos choques ocorridos nas ruas da capital georgiana, Tbilisi. O anúncio significa a redução em quase um ano do mandato de Saakashvili e marca uma mudança
de posição em relação à sua enfática recusa anterior em mudar as datas das eleições ou fazer alguma concessão diante
das exigências da oposição.
O presidente anunciou a eleição na TV logo após um telefonema ao embaixador dos Estados Unidos, que o consideram
seu principal aliado na região
do Cáucaso. Ele repetiu que estava protegendo o país de um
"complô" organizado pela Rússia. "Vocês pediram eleições
antecipadas. Venham decidir
em quem querem votar", disse
aos georgianos.
Saakashvili declarou estado
de emergência na quarta-feira,
depois de policiais da tropa de
choque terem usado gás lacrimogêneo, balas de borracha e
canhões de água para retirar
milhares de manifestantes das
ruas. Houve mais de 500 feridos e duas emissoras de TV foram fechadas.
Giga Bokeria, deputado aliado de Saakashvili, disse que a
TV Imedi foi fechada depois de
Badri Patarkatsishvili, seu proprietário e tido como o homem
mais rico da Geórgia, ter dito no
ar que trabalharia para afastar
o governo do poder.
Embora a ação da polícia tenha esvaziado as ruas, ela chamou a atenção para o desafio
lançado à reputação de Saakashvili, que chegou ao poder
em 2003 após uma onda de
protestos pacíficos que levou
ao fim de uma série de governos aliados da Rússia na ex-república soviética.
Ele se retratou como o governante mais democrático do
Cáucaso. Forneceu tropas para
a guerra liderada pelos EUA no
Iraque e, além disso, encorajou
a construção de um oleoduto
para levar petróleo da bacia do
Cáspio aos mercados ocidentais. A oposição o acusa de comandar um governo centralizado, que não tolera a dissensão e que é enfraquecido pela
corrupção em altos escalões e
por abusos cometidos pela polícia e a Procuradoria.
O governo defendeu suas
ações, dizendo que as manifestações não foram inteiramente
pacíficas e que o uso da tropa de
choque se tornou necessário
depois de manifestantes terem
aberto caminho à força entre as
fileiras da polícia.
Tradução de CLARA ALLAIN
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