São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Sob pressão, presidente da Geórgia antecipa eleições

Pró-Ocidente, Saakashvili medirá forças com oposição para renovar mandato

Estado de emergência ainda vigora na ex-república soviética e tanques ocupam ruas; repressão a protestos deixou mais de 500 feridos

C. J. CHIVERS
DO "NEW YORK TIMES", EM MOSCOU

O presidente da Geórgia, país que se encontra em estado de emergência desde que a polícia reprimiu com violência as manifestações da oposição, na quarta-feira, anunciou ontem que vai participar de uma eleição presidencial antecipada em 5 de janeiro. Mikhail Saakashvili disse também que no mesmo dia será realizado um referendo sobre o cronograma das eleições parlamentares, cuja realização a oposição pede para o primeiro semestre de 2008.
O anúncio de Saakashvili pareceu ser um esforço para dar cabo rapidamente da agitação doméstica e da crescente condenação internacional aos choques ocorridos nas ruas da capital georgiana, Tbilisi. O anúncio significa a redução em quase um ano do mandato de Saakashvili e marca uma mudança de posição em relação à sua enfática recusa anterior em mudar as datas das eleições ou fazer alguma concessão diante das exigências da oposição.
O presidente anunciou a eleição na TV logo após um telefonema ao embaixador dos Estados Unidos, que o consideram seu principal aliado na região do Cáucaso. Ele repetiu que estava protegendo o país de um "complô" organizado pela Rússia. "Vocês pediram eleições antecipadas. Venham decidir em quem querem votar", disse aos georgianos.
Saakashvili declarou estado de emergência na quarta-feira, depois de policiais da tropa de choque terem usado gás lacrimogêneo, balas de borracha e canhões de água para retirar milhares de manifestantes das ruas. Houve mais de 500 feridos e duas emissoras de TV foram fechadas. Giga Bokeria, deputado aliado de Saakashvili, disse que a TV Imedi foi fechada depois de Badri Patarkatsishvili, seu proprietário e tido como o homem mais rico da Geórgia, ter dito no ar que trabalharia para afastar o governo do poder.
Embora a ação da polícia tenha esvaziado as ruas, ela chamou a atenção para o desafio lançado à reputação de Saakashvili, que chegou ao poder em 2003 após uma onda de protestos pacíficos que levou ao fim de uma série de governos aliados da Rússia na ex-república soviética. Ele se retratou como o governante mais democrático do Cáucaso. Forneceu tropas para a guerra liderada pelos EUA no Iraque e, além disso, encorajou a construção de um oleoduto para levar petróleo da bacia do Cáspio aos mercados ocidentais. A oposição o acusa de comandar um governo centralizado, que não tolera a dissensão e que é enfraquecido pela corrupção em altos escalões e por abusos cometidos pela polícia e a Procuradoria.
O governo defendeu suas ações, dizendo que as manifestações não foram inteiramente pacíficas e que o uso da tropa de choque se tornou necessário depois de manifestantes terem aberto caminho à força entre as fileiras da polícia.


Tradução de CLARA ALLAIN


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