|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reunificação era temida por governos
DA ENVIADA A BERLIM
Documentos colocados
no fim de semana no site
do National Security Archive dos EUA mostram
que a queda do Muro de
Berlim -e a rapidez das
transformações que a envolveu- causou ansiedade
e temor entre líderes
mundiais de diferentes lados da Guerra Fria. Os papéis, antes sigilosos, vêm
dos EUA, da antiga URSS e
de países europeus.
Horas antes da queda,
na recém-democratizada
Polônia, o líder sindical (e
futuro presidente) Lech
Walesa disse ao chanceler
alemão ocidental (e depois
da Alemanha reunificada)
Helmut Kohl, em visita ao
país, que os "desdobramentos na República Democrática da Alemanha
estavam acontecendo rápido demais" e em um
"momento errado", mostram os papéis, a serem
compilados em livro.
Segundo o Archive, Walesa achava que o muro poderia cair "em uma semana", e em seu raciocínio,
que se provou correto, isso
levaria Kohl e o Ocidente a
tirarem sua atenção da Polônia e a colocarem na antiga Alemanha Oriental.
Dois meses antes, segundo atas da Chancelaria
britânica, a premiê Margaret Thatcher dissera ao líder soviético Mikhail Gorbatchev que "o Reino Unido e a Europa Ocidental
não estão interessados na
unificação alemã".
Para Anatoly Chernyaev, assessor de Gorbatchev, era um pedido aos
soviéticos para que eles
evitassem a reunificação
(Gorbatchev nada fez).
Em reportagem publicada ontem, o "El Pais" diz
que o motivo real do temor
de Thatcher, compartilhado pelo então presidente
da França François Miterrand, era a força de uma
Alemanha reunificada (o
país é hoje a maior economia europeia).
A incerteza era transatlântica, mostram os documentos. Zbigniew Brzezinski, ex-assessor de Segurança Nacional dos
EUA (então governados
por George Bush pai) disse
a Aleksandr Yakovlev, do
politburo soviético, que
queria que a Polônia e a
Hungria permanecessem
no Tratado de Varsóvia
(aliança militar soviética).
"Mas os blocos não devem
ser desmontados agora.
Não sei o que vai acontecer
se a RDA deixar de existir.
Haverá uma Alemanha,
unida e forte. Isso não corresponde aos seus interesses nem aos nossos."
(LC)
Texto Anterior: Mundo se apropria de celebração em Berlim Próximo Texto: Crença na "mágica" do consumo moveu o Leste, diz historiador Índice
|