UOL


São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Decisão não tem peso legal; Israel cita "direito à autodefesa"

ONU leva barreira de Israel a corte internacional

Awad Awad/France Presse
Uma mulher e uma criança palestinas observam pela janela de sua casa a construção da barreira israelense, em vila na Cisjordânia


DA REDAÇÃO

A Assembléia Geral da ONU aprovou ontem, por 90 votos a 8, e 74 abstenções, proposta palestina que pede à Corte Internacional de Justiça que se manifeste sobre a legalidade da barreira que Israel vem construindo entre seu território e a Cisjordânia.
As votações da assembléia têm força política, mas não servem de referência para o direito internacional. Isso só ocorre com as resoluções do Conselho de Segurança.
Mesmo assim, o tribunal internacional poderá aceitar deliberar sobre a questão. Ele não teria poderes, no entanto, para definir regras ou sanções.
Entre os oito votos contrários à proposta palestina estão o dos Estados Unidos e o de Israel. As delegações da União Européia se abstiveram, por acreditar que, com a corte envolvida, negociações bilaterais seriam bloqueadas.
A decisão da Assembléia Geral "é inaceitável", disse o primeiro-ministro Ariel Sharon. A seu ver, ela cria um "precedente perigoso, ao negar a Israel e a outros países ocidentais o direito fundamental de autodefesa".
Mas Israel deixou claro que cooperaria com o tribunal e explicaria sua posição. Em outubro último, a Assembléia Geral votara texto em que pedia que a construção da barreira fosse suspensa.
O secretário-geral, Kofi Annan, declarara em 28 de novembro que a construção da barreira provocava "sérios inconvenientes" para os palestinos, embora Israel tenha o direito de se defender. A barreira dificulta a invasão de seu território por terroristas.

Hamas
O grupo terrorista palestino Hamas disse ontem não ter pressa em acabar com seus ataques contra Israel. Mas Musa Abu Marzok, um de seus dirigentes, afirmou que aceita novas discussões sobre a trégua com facções palestinas.
Um encontro entre 12 grupos palestinos terminou domingo no Cairo sem que o primeiro-ministro palestino, Ahmed Korei, auxiliado pelo governo do Egito, obtivesse dos partidários do terrorismo um compromisso de trégua que permita a retomada de negociações com os israelenses.
O enfraquecimento de Korei compromete ainda mais o descongelamento do plano norte-americano de paz. O Hamas, no encontro do Cairo, acabou por atrair outros grupos para sua posição de intransigência.
Segundo Abu Marzok, o Hamas só suspenderia seus atentados caso Israel libertasse prisioneiros palestinos e aceitasse interromper operações militares de represália na Cisjordânia e em Gaza.
Um outro dirigente do grupo, Abdel al Rantissi, disse que a recente ausência de atentados só representa a curva descendente de uma onda que voltará em breve a atingir seu pico.
Rantissi também disse que, em Israel, o premiê Sharon está enfraquecido pelo crescimento da contestação a sua política em relação aos palestinos. Os israelenses argumentam que o enfraquecimento atinge em verdade o Hamas, com a prisão e a eliminação física de um grupo numeroso de seus quadros intermediários.
Jibril Rajoub, conselheiro de Iasser Arafat, o presidente da Autoridade Palestina, qualificou de "desastre" o fato de a reunião do Cairo terminar sem acordo.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Guerra sem limites: EUA fazem a maior ofensiva no Afeganistão
Próximo Texto: Tempo para acordo de paz está no fim, diz Peres
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.