São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Atentados em série em Bagdá matam ao menos 127 pessoas

Ação terrorista é a terceira de grandes proporções na capital do Iraque desde a saída dos EUA das cidades, há cinco meses

Um dos locais atingidos deve abrigar a futura Embaixada do Brasil no Iraque; eleições legislativas são marcadas para o próximo 7 de março


Hadi Mizban/Associated Press
Forças de segurança procuram sobreviventes em escombros do Ministério das Finanças; atentado mina credibilidade do governo

DA REDAÇÃO

Uma série de atentados aparentemente coordenados deixou pelo menos 127 mortos e mais de 500 feridos ontem em Bagdá. A ação terrorista -a terceira de grande porte na capital do Iraque desde agosto-, não teve a autoria reivindicada, mas foi atribuída pelo governo à insurgência sunita ligada ao regime de Saddam Hussein e à rede terrorista Al Qaeda.
Os cinco ataques em um intervalo de 50 minutos durante a manhã de ontem tiveram como alvo prédios governamentais, reforçando temores sobre a capacidade das forças locais de manter a segurança a três meses das eleições legislativas -marcadas ontem para 7 de março- e cinco meses depois que os EUA deixaram de patrulhar as cidades iraquianas.
Segundo informações -em parte contraditórias- de autoridades, o primeiro ataque foi a explosão de um carro-bomba contra uma patrulha na região sudoeste da capital, matando ao menos três oficiais e 12 civis.
Logo depois, uma série de explosões atingiu regiões em que se localizam um complexo judicial, um prédio da pasta do Interior e uma sede provisória do Ministério das Finanças -cuja sede oficial fora alvo de atentado em agosto. Não havia confirmação sobre se e quantos desses atentados foram suicidas.
Nessa série de ataques nos arredores da Zona Verde -a área mais protegida da cidade e sede de outros prédios governamentais-, ao menos 112 pessoas morreram, e instalações foram seriamente danificadas.
Segundo o Itamaraty, uma das explosões atingiu o local em que será a futura Embaixada do Brasil, causando dano material.
Em outra ação, a detonação de uma bomba à margem de uma rodovia na região leste da capital alvejou uma universidade, matando mais uma pessoa.
A ocorrência de um terceiro mega-atentado contra alvos do governo em quatro meses revela, segundo autoridades, o novo padrão nas ações dos terroristas, que priorizam ataques de grande impacto e com grande número de mortos em vez de vários deles de menor porte.
No dia 25 de outubro, dois carros-bombas mataram 155 pessoas, deixando mais de 500 feridos. Dois meses antes, em 19 de agosto, ataque similar contra a Chancelaria iraquiana e o Ministério das Finanças já matara cerca de cem pessoas.

Eleições legislativas
Também ontem, o conselho presidencial marcou para o dia 7 de março as proteladas eleições legislativas, após os deputados iraquianos entrarem em um acordo, no último domingo, sobre a divisão das cadeiras entre sunitas, xiitas e curdos.
"O momento desses covardes ataques terroristas, depois que o Parlamento superou o último obstáculo para a realização das eleições, confirma que os inimigos do Iraque e do seu povo visam difundir o caos", afirmou o premiê iraquiano, Nuri al Maliki, que tentará a sua reeleição.
Após os ataques, parlamentares convocaram uma reunião de emergência para discutir as seguidas falhas de segurança, na tentativa de capitalizar o descontentamento com Maliki.

Com agências internacionais



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