São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Afirmação foi feita por chefe de inspetores, que acusou Bagdá de violar sanções ao importar peças para mísseis

ONU diz que ainda não achou nada relevante

Ahmad al Rubaye/France Presse
Equipe da ONU faz inspeção em centro de pesquisas veterinárias em Bagdá, onde nada foi achado


DA REDAÇÃO

O chefe dos inspetores de armas da ONU no Iraque, Hans Blix, disse ontem que as inspeções ainda não encontraram nada relevante nas suas buscas por armas de destruição em massa.
Porém reafirmou que a declaração entregue pelo Iraque ao Conselho de Segurança é falha e que o país violou as resoluções da ONU ao importar peças de mísseis, segundo admissão dos próprios iraquianos nos documentos.
As declarações foram feitas durante encontro de Blix e do diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Mohamed El Baradei, com os membros do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York.
Elas acontecem em meio a pressões para que seja dado mais tempo para os inspetores trabalharem, evitando um ataque imediato contra o Iraque.
O encontro de ontem tinha como objetivo informar o Conselho de Segurança sobre o andamento das inspeções no Iraque. Em 27 de janeiro, deverá ser entregue um relatório final à ONU.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que as declarações dos chefes dos inspetores "corroboram a posição americana em relação ao Iraque" ao afirmar que o país viola resoluções da ONU.
Blix disse que os inspetores estão no Iraque há dois meses e que, "por enquanto, não foi encontrado nada relevante". Ele acrescentou "que a declaração iraquiana é falha em muitas questões importantes". "O Iraque tem mais a dizer", afirmou Blix.
Ele repetiu que bombas de gases tóxicos estão desaparecidas, além de estoques de gás mostarda e de antraz. Também acrescentou que o Iraque importou peças e materiais para produção de combustíveis para mísseis, violando as sanções impostas pela ONU.
O regime de Saddam Hussein afirma que quem disser que há falhas na declaração entregue à ONU não leu os documentos.
Blix e El Baradei afirmaram que ainda não conseguiram realizar entrevistas privadas com cientistas iraquianos que poderiam ter informações sobre os programas de armamentos do país.
O governo iraquiano disse que não houve pedido formal para as entrevistas. Autoridades dizem que a ONU apenas cogitou a hipótese de levá-los a Chipre. Segundo Bagdá, a decisão de ir ou não cabe aos cientistas, mas eles devem recusar.
O Iraque, segundo resolução da ONU, teve de entregar uma declaração descrevendo os seus programas de desenvolvimento de armamentos químicos, biológicos e nucleares. Além disso, o país deve cooperar com os inspetores da ONU para evitar um ataque.
O premiê britânico, Tony Blair, disse que "os inspetores precisam ter o tempo e o espaço que necessitam para concluir os seus trabalhos". Um porta-voz acrescentou que o dia 27 de janeiro não deve ser visto como uma data-limite para um ataque. A mídia britânica relatou que Blair gostaria que os inspetores ainda tivessem meses de trabalho. Já a Alemanha disse ontem que ainda não há motivo para iniciar uma guerra e também pediu mais tempo.
A França pediu que os EUA e o Reino Unido concedam informações de inteligência aos inspetores da ONU. Segundo o diário "The Washington Post", essas informações já estariam sendo fornecidas. Washington diz ter provas de que Saddam esconde seu arsenal.
Países árabes negaram ontem que estariam negociando a ida de Saddam para o exílio.

Com agências internacionais


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