São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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ÁSIA

Norte-coreanos estariam dispostos a abandonar programa nuclear se recebessem sinal positivo de Washington, segundo diplomatas

EUA e Coréia do Norte retomam contatos

DA REDAÇÃO

Os EUA e a Coréia do Norte decidiram ontem retomar contatos bilaterais, abrindo uma nova linha de comunicação entre as duas partes e buscando pôr fim ao recente impasse gerado pela decisão norte-coreana de reativar suas instalações nucleares.
Dois diplomatas norte-coreanos receberam autorização para encontrar o ex-embaixador dos EUA na ONU Bill Richardson para discutir a crise atual, segundo Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca. Os norte-coreanos precisam pedir autorização para esse tipo de encontro porque a Coréia do Norte não mantém relações diplomáticas com os EUA.
A reunião será realizada no Estado do Novo México (sudoeste dos EUA), que é governado por Richardson. Ele foi secretário da Energia no governo de Bill Clinton e teve contato com autoridades norte-coreanas no passado. Pelo lado norte-coreano, participarão do encontro Han Song-ryol, que representa o país na ONU, e outro diplomata, cujo nome ainda não foi divulgado.
Os EUA já tinham oferecido aos norte-coreanos a possibilidade de retomar o diálogo bilateral, mas não tinham obtido resposta. De acordo com um funcionário graduado do governo americano, o secretário de Estado, Colin Powell, disse a Richardson que ele deverá dizer aos norte-coreanos que não fala em nome do governo dos EUA. Além disso, segundo a mesma fonte, Richardson deverá reiterar a posição americana sobre a questão.
Mais cedo, a Coréia do Norte dissera que concordaria em abandonar seu programa de armas nucleares se os EUA afirmassem que ainda apoiavam o comunicado conjunto feito pelos dois países em 2000, segundo diplomatas que têm relações estreitas com o governo norte-coreano. Nele as duas partes dizem não haver "intenções hostis" mútuas.
A possível solução para o impasse em torno do programa nuclear norte-coreano surgiu dois dias depois de Washington oferecer a Pyongyang a possibilidade de voltar a negociar mesmo antes da desativação do programa nuclear norte-coreano.
Mas os americanos se recusam a oferecer incentivos aos norte-coreanos para que eles abandonem seu programa nuclear.
Na declaração de 2000, a Coréia do Norte e os EUA prometeram pôr fim a décadas de hostilidade mútua e buscar melhorar as relações bilaterais. Ambos declararam que não havia "intenções hostis" nas relações bilaterais e prometeram esquecer o antagonismo do passado, buscando estabelecer laços mais amistosos.
Logo após a assinatura desse comunicado, a então secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, visitou Pyongyang e se encontrou com Kim Jong-il, o mais alto líder político norte-coreano. Sua visita deveria preceder uma do então presidente dos EUA, Clinton, mas seu mandato acabou antes que isso ocorresse.
A tensão na península da Coréia aumentou depois que autoridades americanas disseram, em outubro último, que a Coréia do Norte tinha admitido ter um programa de armas nucleares, o que era proibido por um tratado assinado pelos dois países em 1994. No mês passado, a situação agravou-se, pois Pyongyang começou a reativar um reator nuclear capaz de enriquecer plutônio.
Os EUA buscam encontrar a uma solução pacífica para o impasse, visto que não querem que a questão norte-coreana desvie a atenção internacional da inspeção das armas iraquianas.
Por outro lado, a Coréia do Norte concordou em retomar negociações com a Coréia do Sul, conforme Seul havia proposto. As primeiras reuniões deverão ocorrer ainda em janeiro. Segundo o presidente eleito da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, "se a via do confronto for privilegiada agora, será difícil mudar de rota no futuro".


Com agências internacionais


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