São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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Infraestrutura básica está devastada

DO "FINANCIAL TIMES", EM JERUSALÉM

A economia de Gaza estava destruída muito antes de a ofensiva israelense começar. Agora, depois de 14 dias de morte e destruição, até mesmo a infraestrutura mais básica para a atividade do setor privado está arruinada.
"Ninguém fala mais de negócios", diz Faysal Shawa, da Associação de Empresários Palestinos. "Tudo está fechado há meses, e agora estamos sofrendo ainda mais."
O cerco imposto por Israel privou as empresas de matérias-primas e lhes roubou a chance de exportar bens e produtos agrícolas. Os resultados foram catastróficos: 98% da indústria local estava paralisada antes dos ataques, diz o Banco Mundial. Ao longo da semana passada, até as menores padarias fecharam.
Há uma preocupação especial quanto aos danos de longo prazo. As redes de energia, água e esgotos foram todas atingidas pelos ataques aéreos. A ONU informa que 5 das 10 linhas de eletricidade vindas de Israel não funcionam, e a única usina de energia de Gaza fechou por falta de combustível. Os danos ao sistema de água e esgoto agravaram a crise: a falta de água potável se generalizou, e o esgoto não tratado escoa por ruas e campos.
A principal universidade da região, mesquitas e edifícios do governo sofreram ataques. Ninguém, até agora, ousou calcular o custo da reconstrução. Alguns acreditam que vai levar anos para que a economia retorne até mesmo ao nível miserável anterior ao atual conflito.
Nos últimos oito anos, Israel vem sufocando progressivamente a economia de Gaza. Há 18 meses, quando o Hamas tomou o controle do território, as restrições foram intensificadas. Mais de 110 mil trabalhadores perderam o emprego, segundo dados do Banco Mundial.
Para os especialistas, não há como reconstruir Gaza sem que os israelenses reabram as travessias de fronteira nem suspendam o bloqueio marítimo. "O livre movimento de bens e pessoas é essencial. Sofremos com isso há muitos anos", diz Shawa.


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