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Tumulto eclode na Califórnia após polícia matar jovem negro
Vídeos e manifestações se espalham pela internet
DA REDAÇÃO
Cerca de 120 pessoas foram
presas na noite de anteontem
nas ruas de Oakland, Califórnia, quando protestavam contra o assassinato de Oscar
Grant 3º, auxiliar de açougueiro de 22 anos, supostamente
baleado por um policial numa
estação de trem, no dia 1º.
Grant e um grupo de amigos
foram retirados do vagão em
que voltavam de uma festa de
Ano-Novo assim que uma briga
entre grupos rivais teve início.
"Meu recado é: calma, pessoal", disse o prefeito Ron V.
Dellums. "Isso não é um jogo."
Houve quebra-quebra e incêndio de carros. Participantes
do protesto foram acusados de
vandalismo, reunião ilícita, tumulto e agressão a um policial.
Diante dos policiais, manifestantes se apresentavam com
as mãos nas costas, dizendo
"Eu sou Oscar Grant", à maneira de "Spartacus". O nome da
vítima foi grafitado pelas ruas.
Segundo o delegado responsável pelo policiamento do sistema de trens local, Gary Gee,
investigadores ainda estão colhendo provas do assassinato.
Pelo menos quatro câmeras
de celular de passageiros captaram imagens de Grant deitado
no chão com as mãos para trás
quando o policial Johannes
Mehserle, 27, puxa sua arma e
dá um tiro. Mehserle olha para
um colega e algema Grant.
Na quarta-feira, Mehserle
pediu demissão. Seu advogado
afirmou, em nota, que o policial
tem apoio de seu sindicato, mas
não fez nenhuma referência ao
tiro. Mehserle não foi formalmente acusado.
"Se não é possível fazer acusação em um caso como esse,
então não sei em que caso é
possível", diz John Burris, advogado da família de Grant.
O prefeito Dellums afirmou
que a polícia de Oakland iniciaria uma terceira investigação
sobre o ocorrido, ao qual ele se
referiu como homicídio. Esse é
só o mais recente episódio de
tensão entre a comunidade negra de Oakland e a polícia. Líderes locais condenaram a ação.
Internet
A agressão de policiais contra
negros remete também àquela
sofrida pelo motorista Rodney
King, em Los Angeles, e filmada
por um morador em 1991. No
ano seguinte, policiais foram
inocentados pelo espancamento, provocando uma onda de
protestos que deixou 53 mortos
e US$ 1 bilhão de prejuízo.
Diferentemente do caso de 17
anos atrás, que tinha apenas
um registro em vídeo caseiro,
as imagens das agressões e dos
confrontos após a morte de
Grant são várias. Blogs pessoais
trazem mais vídeos e comentários sobre os confrontos.
No YouTube, basta digitar
"Bart shooting" para que surjam mais de 400 resultados, entre reproduções das imagens
do assassinato, vários ângulos
dos protestos e comentários de
cidadãos comuns sobre o caso.
"A questão é se um julgamento desfavorável vai gerar mais
tumultos e confusão. É possível", disse à Folha o blogueiro
Zenophom Abraham, ou Zennie, do "Oakland Focus" (oaklandfocus.blogspot.com).
Zennie filmou parte dos protestos e colheu opiniões de moradores e manifestantes. "É um
assunto importante, do qual eu
não poderia escapar. Além disso, é um jeito de me conectar
com a cidade, com as pessoas e
também com a mídia", diz.
"Sempre há um certo voyeurismo no vídeo on-line. Acho
que as pessoas querem ver por
elas mesmas", afirma Bill Murray, administrador do site da
KTVU-TV, afiliada da Fox em
São Francisco. Ali, mais de 500
mil pessoas já viram o vídeo da
morte de Grant nesta semana.
(ALEXANDRA MORAES)
Com agências internacionais
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