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Obama busca diversificar debate nos EUA
Presidente investe em outros temas, mas especialistas apontam que segurança deve permanecer no topo da pauta em 2010
Após assumir publicamente a responsabilidade pelos equívocos da Inteligência, democrata aborda emprego e plano de reforma da saúde
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A tentativa de ataque a um
voo americano no Natal colocou a segurança doméstica no
topo da lista de prioridades da
Casa Branca para este ano.
Após assumir publicamente
nesta semana a responsabilidade pelas falhas na segurança
que permitiram o acesso do nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab a um voo para o país, o
presidente dos EUA, Barack
Obama, agora tenta impulsionar a agenda doméstica.
Anteontem, tratou de anunciar medidas para estimular a
geração de emprego. Em seu
discurso semanal, preferiu falar sobre a reforma da saúde.
Especialistas consultados
pela Folha avaliam, porém,
que a segurança continuará entre os principais itens da agenda, com discussões sobre o fechamento da prisão de Guantánamo, que abriga os detentos
da chamada "guerra ao terror",
e a previsão de julgamento de
terroristas do 11 de Setembro.
Além disso, a tentativa de
ataque de Abdulmutallab deverá ser discutida no Congresso.
O atentado tornou o cenário
político para Obama ainda
mais complexo em ano de eleições legislativas.
Tradicionalmente, congressistas em anos eleitorais deixam de lado projetos polêmicos para evitar reflexos nas urnas. Na agenda doméstica de
Obama, projetos-chave como o
de reforma da regulação do sistema financeiro e o de estímulo
ao uso de energia limpa dependem do aval legislativo.
Pé esquerdo
Segundo especialistas, o ano
começou mal para Obama, que
saiu de férias comemorando a
vitória na aprovação pelo Senado do projeto de reforma da
saúde e voltou do Havaí tendo
de usar seu capital político para
superar críticas ao governo.
Logo após o ataque, republicanos saíram em ofensiva midiática a reforçar o mantra de
que os democratas não sabem
lidar com o terrorismo.
Ao produzir rapidamente um
relatório sobre as falhas e assumir a responsabilidade pelos
erros, Obama adotou novo tom,
afirmando que o país está em
guerra contra a Al Qaeda, que
assumiu a tentativa de ataque.
À emissora CBS, John Negroponte, ex-diretor de Inteligência Nacional no governo de
George W. Bush, disse que Obama se move "confortavelmente
como comandante em chefe".
"O episódio afeta o capital
político de Obama. É sempre
difícil quando um presidente
precisa se desculpar por algo
em seu governo. Ele deve ter
um ano difícil, não espero que
muita coisa seja alcançada no
Congresso", afirma Brian Darling, da Heritage Foundation.
Front interno
Os problemas não se resumem à segurança doméstica.
Na semana passada, dois aliados de Obama anunciaram que
não vão concorrer à reeleição:
os senadores Christopher
Dodd (Connecticut) e Byron
Dorgan (Dakota do Norte). Na
volta do Congresso, os democratas tentarão aprovar o Orçamento e o custeio do aumento
de tropas no Afeganistão.
Para Michael McDonald, do
Instituto Brookings, a decisão
dos dois senadores não afeta o
quadro das eleições deste ano.
"É improvável que os republicanos obtenham o controle
da Câmara dos Representantes
e é impossível que consigam o
controle do Senado. Ironicamente, a saída de Dodd melhora as chances dos democratas.
Em Dakota do Norte, essa cadeira já estava em risco antes."
Os problemas, no entanto,
ainda não se refletiram na popularidade de Obama. Segundo
pesquisa do instituto Gallup, o
presidente tem aprovação de
52%, contra os 50% a que chegou no fim do ano passado.
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