São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

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Após tiroteio, Congresso adia votação de reforma

Republicanos decidem "baixar tom" de confronto após deputada ser ferida

Congressistas dizem que devem-se evitar "paixões inflamadas" em temas difíceis como impostos e imigração


Rick Wilking/Reuters
Uma homenagem às vítimas do tiroteio de sábado é posta do lado de fora do hospital onde estão internadas, em Tucson

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

No dia seguinte ao tiroteio em Tucson (Arizona) que matou seis pessoas e feriu a deputada democrata Gabrielle Giffords e mais 13 pessoas, líderes republicanos decidiram adiar a votação da reforma da saúde em uma tentativa de abrandar a retórica no Congresso americano.
"Toda a legislação que está programada para ser analisada pela Câmara dos Representantes [deputados] está sendo adiada para que possamos tomar quaisquer ações que possam ser necessárias à luz dessa tragédia", disse, em nota, o líder republicano na Casa, Eric Cantor.
A reforma da saúde foi uma das vitórias do governo Barack Obama que os republicanos pretendem derrubar após reconquistarem a maioria na Câmara.
O projeto é polêmico pelo aumento da intervenção do Estado no setor e é considerado um dos estopins para o acirramento do debate político nos EUA.
Logo após a votação, em março, escritórios de alguns deputados em Washington foram alvos de vândalos -inclusive o de Giffords, que votou a favor da reforma.
Na época, Sarah Palin, que concorreu à vice-presidência dos EUA em 2008 pela chapa do republicano John McCain, publicou propaganda que colocava alvos em 20 Estados e listava democratas, incluindo Giffords, que deveriam ser derrotados na eleição legislativa de novembro.
A propaganda permanecia na noite de ontem na página de Palin no Facebook, mas ela enviou nota com suas "sinceras condolências" às vítimas do tiroteio.
"Temos de esfriar, baixar o tom, tratar o outro com muito respeito, respeitar as ideias dos outros e, mesmo em assuntos difíceis como imigração, impostos ou reforma da saúde, fazer o máximo para não inflamar as paixões", afirmou o porta-voz republicano Lamar Alexander.
Líderes do partido disseram, porém, que derrubar a reforma ainda é prioritário.

CLIMA
Ontem, o clima estava diferente nos tradicionais programas de debate político pela manhã na TV americana.
Em vez do ambiente de conflito acirrado, políticos democratas e republicanos adotaram um tom mais brando, e alguns já falam que este pode ser um "ponto de virada" na política dos EUA.
"Nós agora estamos em um lugar sombrio, e a condição atmosférica é tóxica. Muito disso tem origem aqui em Washington, e exportamos para todo o país, ao ponto que as pessoas vêm para as galerias [do Congresso] e se sentem confortáveis para gritar insultos", disse o deputado democrata Emanuel Cleaver em programa na TV.
Para ele, independentemente dos motivos para o crime cometido em Tucson (Arizona), ele foi uma "chamada para despertar não só os membros do Congresso mas também as pessoas deste país, de que estamos caminhando na direção errada".


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