São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA /PRIMÁRIAS PÓS-KATRINA

Louisiana pós-furacão escolhe Barack Obama

No Estado mais atingido pelo Katrina, comparecimento em prévia eleitoral é baixo

Imigrantes brasileiros que deixam em massa outras regiões são atraídos pelo boom da construção civil após passagem de furacão

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS

Barack Obama venceu ontem as primárias democratas da Louisiana, encerradas à 0h de hoje (horário de Brasília), segundo pesquisas de boca-de-urna e projeção da rede CNN. Foi a primeira participação desse Estado do Sul no processo de escolha dos candidatos a presidente dos EUA desde a passagem do Katrina (2005).
Apurados 31% dos votos, o senador tinha 53%, contra 39% da ex-primeira-dama. Do lado republicano, o ex-governador republicano Mike Huckabee tinha 48% contra 38% do favorito nacional, John McCain.
Dos eleitores que se disseram mais afetados pelo desastre, 58% escolheram Obama, ante 39% que votaram em Hillary. Oito em cada dez eleitores do senador eram negros; sete em cada dez que escolheram a ex-primeira-dama eram brancos, de acordo com projeções.
Num Estado em que a reconstrução dos estragos causados pela catástrofe está longe de ser concluída, o índice de comparecimento às urnas foi baixo, entre 10% e 15%, ante 20% e 25% das últimas eleições presidenciais. No sábado também, Obama bateu Hillary nos "caucuses" (assembléias partidárias) de Washington e Nebraska.

Bloco de brasileiros
Na Superterça, enquanto o resto do país parava para acompanhar as primárias, Nova Orleans parava para a Terça-Feira Gorda. Entre os blocos que desfilaram, estava o Casa Samba, brasileiro. Os organizadores estimam que tenham vendido mais de 200 camisetas a foliões.
Se os brasileiros do resto dos EUA protagonizam um êxodo motivado pela baixa do dólar, a ameaça de recessão e o recrudescimento da repressão aos imigrantes ilegais, os de Nova Orleans e região florescem.
O tamanho da comunidade é calculado em mais de 6.000 por diplomatas da área. Se a primeira onda de brasileiros chegou após a passagem do Katrina, no esforço de reconstrução do Estado que exigia mão-de-obra rápida e oferecia boa paga, a segunda onda é de brasileiros que já moravam nos EUA.
"Todos os dias a gente recebe pessoal vindo dos Estados mais ao Norte", disse à Folha Célia Cruz, 26, gerente do Brazilian Market, consulado informal da comunidade em Kenner, na Grande Nova Orleans. Os "migrantes imigrantes" fogem de cidades ao redor de Boston e de Atlanta pelos mesmos motivos de seus compatriotas. Mas decidem dar uma última chance, parando na Louisiana.
Primárias? "Os brasileiros não se envolvem em política", diz Célia Cruz. "Mas, se escolhessem, não votariam em republicanos", arrisca Wilson Roberto Alves, analista legal do Brazilian Help Center, baseado na Flórida. "Com suas leis antiimigração, eles são os responsáveis pelo atual êxodo."


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