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SUCESSÃO NOS EUA /PRIMÁRIAS PÓS-KATRINA
Louisiana pós-furacão escolhe Barack Obama
No Estado mais atingido pelo Katrina, comparecimento em prévia eleitoral é baixo
Imigrantes brasileiros que
deixam em massa outras
regiões são atraídos pelo
boom da construção civil
após passagem de furacão
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS
Barack Obama venceu ontem as primárias democratas
da Louisiana, encerradas à 0h
de hoje (horário de Brasília),
segundo pesquisas de boca-de-urna e projeção da rede CNN.
Foi a primeira participação
desse Estado do Sul no processo de escolha dos candidatos a
presidente dos EUA desde a
passagem do Katrina (2005).
Apurados 31% dos votos, o
senador tinha 53%, contra 39%
da ex-primeira-dama. Do lado
republicano, o ex-governador
republicano Mike Huckabee tinha 48% contra 38% do favorito nacional, John McCain.
Dos eleitores que se disseram
mais afetados pelo desastre,
58% escolheram Obama, ante
39% que votaram em Hillary.
Oito em cada dez eleitores do
senador eram negros; sete em
cada dez que escolheram a ex-primeira-dama eram brancos,
de acordo com projeções.
Num Estado em que a reconstrução dos estragos causados pela catástrofe está longe
de ser concluída, o índice de
comparecimento às urnas foi
baixo, entre 10% e 15%, ante
20% e 25% das últimas eleições
presidenciais. No sábado também, Obama bateu Hillary nos
"caucuses" (assembléias partidárias) de Washington e Nebraska.
Bloco de brasileiros
Na Superterça, enquanto o
resto do país parava para acompanhar as primárias, Nova Orleans parava para a Terça-Feira
Gorda. Entre os blocos que desfilaram, estava o Casa Samba,
brasileiro. Os organizadores estimam que tenham vendido
mais de 200 camisetas a foliões.
Se os brasileiros do resto dos
EUA protagonizam um êxodo
motivado pela baixa do dólar, a
ameaça de recessão e o recrudescimento da repressão aos
imigrantes ilegais, os de Nova
Orleans e região florescem.
O tamanho da comunidade é
calculado em mais de 6.000 por
diplomatas da área. Se a primeira onda de brasileiros chegou após a passagem do Katrina, no esforço de reconstrução do Estado que exigia mão-de-obra rápida e oferecia boa paga,
a segunda onda é de brasileiros
que já moravam nos EUA.
"Todos os dias a gente recebe
pessoal vindo dos Estados mais
ao Norte", disse à Folha Célia
Cruz, 26, gerente do Brazilian
Market, consulado informal da
comunidade em Kenner, na
Grande Nova Orleans. Os "migrantes imigrantes" fogem de
cidades ao redor de Boston e de
Atlanta pelos mesmos motivos
de seus compatriotas. Mas decidem dar uma última chance,
parando na Louisiana.
Primárias? "Os brasileiros
não se envolvem em política",
diz Célia Cruz. "Mas, se escolhessem, não votariam em republicanos", arrisca Wilson
Roberto Alves, analista legal do
Brazilian Help Center, baseado
na Flórida. "Com suas leis antiimigração, eles são os responsáveis pelo atual êxodo."
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