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Pulverização torna Netanyahu favorito para governar Israel
Israelenses vão hoje às urnas pela quinta vez em dez anos para eleger sucessor de Ehud Olmert, do centrista Kadima
Mesmo se conquistar menos cadeiras, líder do Likud terá mais facilidades do que rival Livni para formar governo, ainda que em coalizão frágil
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM
Os israelenses vão hoje às urnas pela quinta vez em menos
de dez anos para eleger um governo que deverá se sustentar
em uma coalizão frágil, refletindo a fragmentação da sociedade e a pulverização de seu
sistema partidário. As pesquisas indicam que a direita, favorecida pelo apoio à ofensiva militar na faixa de Gaza, sairá fortalecida, em condições de formar um bloco governista.
Encurtada pelas três semanas de bombardeios contra o
grupo islâmico Hamas, a campanha foi marcada pela indiferença e pela descrença nos políticos. Ninguém esquece que a
eleição só foi antecipada para
que o atual primeiro-ministro,
Ehud Olmert, do centrista Kadima, pudesse sair do cargo e se
defender das várias acusações
de corrupção.
Líder nas pesquisas desde a
convocação da eleição, no fim
do ano passado, o partido conservador Likud, comandado
pelo ex-premiê Binyamin Netanyahu (1996-1999), foi gradualmente perdendo a vantagem e chega à reta final quase
empatado com o Kadima da
chanceler Tzipi Livni.
A diferença é pequena, e o índice de indecisos é alto (cerca
de 20%), o que pode contrariar
as previsões de vitória de Netanyahu. Mas nas últimas pesquisas permitidas pela lei eleitoral, divulgadas na sexta, o Likud aparecia com entre 25 e 28
cadeiras no Parlamento, contra
no máximo 25 do Kadima.
Ainda que haja uma virada do
partido de Livni, a vitória não
garante a formação do governo,
que exige uma coalizão com o
apoio de mais de metade dos
120 deputados do Parlamento.
"Mesmo que o Kadima ganhe
um ou dois assentos a mais que
o Likud, Netanyahu, junto com
outros partidos de direita e ultraortodoxos será mais forte
que o bloco de centro-esquerda", previu o analista Yossi Verter, do jornal "Haaretz".
No último dia da campanha,
Netanyahu tentou reverter a
perda de eleitores do Likud para a direita ultranacionalista,
enquanto Livni buscou converter indecisos e conquistar o voto útil dos simpatizantes de
partidos de esquerda. Quem
quer que chegue na frente sabe
que a formação de um governo
não será tarefa fácil e que uma
coalizão sem o principal rival
será fragmentada e instável.
Coalizão
Netanyahu disse ontem que,
caso saia vitorioso, pretende
convidar "todos os partidos sionistas" para a sua coalizão, entre eles o Kadima, o Partido
Trabalhista e o Israel Beiteinu.
A ascensão fulminante do último, liderado pelo ultradireitista Avigdor Liberman, é a principal razão da queda do Likud.
Apesar disso, Netanyahu disse que não pretende dar o Ministério da Defesa a Liberman,
que passou a demonstrar interesse no cargo depois que seu
partido atingiu a terceira colocação nas pesquisas. Netanyahu já deu a entender que gostaria de manter o trabalhista
Ehud Barak no cargo.
Uma aliança entre Netanyahu e Barak não dá muitas pistas
de como caminhará o governo.
Herdeiro do partido que assinou o primeiro acordo de paz
com os palestinos, Barak é favorável à continuação do processo, mas Netanyahu tem uma
posição bem mais dura.
Ontem, ele reiterou que não
se sentirá comprometido com
as negociações iniciadas com a
Síria por Olmert. Também defende ritmo mais lento nas conversas com os palestinos.
O amplo respaldo popular à
ofensiva em Gaza favoreceu os
partidos de direita e endureceu
o discurso da centro-esquerda,
mas a campanha não registrou
nada além de planos vagos sobre paz e segurança. Por outro
lado, a economia, que antes dos
ataques ao Hamas ocupava o
centro do debate, foi praticamente esquecida.
Num esforço final, Livni manifestou otimismo de que o Kadima chegará na frente e terá
condições de montar um governo. Mas deixou claro que não
aceitará fazer parte de um gabinete liderado por Netanyahu.
"O único partido de centro,
com condições de liderar um
governo de união, é o Kadima",
disse a chanceler, que deixou o
Likud em 2005 quando o então
primeiro-ministro Ariel Sharon fundou o novo partido.
A atual coalizão tem 67 cadeiras, 29 do Kadima, 19 do
Partido Trabalhista, 12 do Shas
(ultraortodoxo) e sete do Gil
(Partido dos Aposentados).
Mas ela dificilmente se repetirá: foi a recusa de Livni em aceitar as exigências do Shas que levou à convocação das eleições.
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