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Com apoio russo, EUA veem mais próximas sanções ao Irã
Moscou sinaliza aval a punições da ONU, e Obama diz que medidas virão rápido
China faz apelo por "mais conversas" enquanto Teerã inicia enriquecimento de urânio a 20%, frustrando chances de acordo nuclear
DA REDAÇÃO
A perspectiva de novas sanções contra o Irã, que ontem
começou a enriquecer urânio
no nível máximo tolerado pela
ONU, ganhou força após a Rússia ter usado o tom mais duro
até agora para condenar o aliado persa. Segundo o presidente
dos EUA, Barack Obama, punições significativas "estão a caminho rapidamente".
Entre os membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU, só a China vem
mantendo apoio ao Irã, deixando no ar a ideia de que usará seu
poder de veto para rejeitar a resolução que está sendo costurada por EUA e França.
Ontem, Pequim pediu "mais
conversas" com Teerã. Em caso
de veto da China, restaria às potências aplicar sanções unilaterais, a exemplo das punições
impostas pelos EUA ao Irã.
O recuo de Moscou no apoio
ao Irã, de quem é o maior fornecedor de armas, foi externado
por Nikolai Patrushev, czar dos
assuntos de segurança no governo russo. "O Irã alega que
não está tentando adquirir armas nucleares. Mas ações como
começar a enriquecer urânio a
20% geram dúvidas em outros
países, e essas dúvidas são válidas", disse Patrushev. "A paciência tem limites", afirmou.
Obama elogiou a Rússia e
afirmou que serão concluídas
nas próximas semanas conversas sobre "sanções significativas" ao Irã, que já enfrentou
três levas de punições da ONU.
Entre as novas medidas cogitadas, estão uma maior restrição a operações financeiras e
viagens internacionais dos quadros do regime e barreiras à importação de combustível -embora seja o quarto maior produtor mundial de petróleo, o país
importa gasolina, devido à falta
de infraestrutura para o refino.
Em mais um sinal de isolamento do Irã, a Itália, hoje o
maior parceiro comercial dos
iranianos na Europa, acusou o
governo iraniano de orquestrar
protestos ocorridos ontem
contra a embaixada italiana em
Teerã. Manifestantes pró-regime lançaram pedras e ovos
contra o prédio em represália
ao premiê Silvio Berlusconi,
que prometeu, em recente viagem a Israel, restringir investimentos italianos no Irã.
O governo iraniano disse ontem que novas sanções não terão nenhum efeito sobre seu
programa nuclear mas reiterou
que só enriquece urânio para
fins civis, não para ter a bomba.
Teerã divulgou ontem imagens da central de Natanz, onde
o enriquecimento de urânio começou a subir dos atuais 3,5%
para 20% com o objetivo declarado de usar o material para
abastecer um reator usado para
fins médicos -a bomba requer
90%. A agência nuclear da ONU
confirmou ter inspetores no local acompanhando o processo.
Segundo Teerã, a decisão de
enriquecer urânio por conta
própria foi tomada depois que o
Ocidente menosprezou a disposição do Irã em aceitar um
plano da agência nuclear da
ONU para que os estoques iranianos fossem tratados em outro país e devolvidos sob forma
de material enriquecido o suficiente para usos medicinais.
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