São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Com apoio russo, EUA veem mais próximas sanções ao Irã

Moscou sinaliza aval a punições da ONU, e Obama diz que medidas virão rápido

China faz apelo por "mais conversas" enquanto Teerã inicia enriquecimento de urânio a 20%, frustrando chances de acordo nuclear

DA REDAÇÃO

A perspectiva de novas sanções contra o Irã, que ontem começou a enriquecer urânio no nível máximo tolerado pela ONU, ganhou força após a Rússia ter usado o tom mais duro até agora para condenar o aliado persa. Segundo o presidente dos EUA, Barack Obama, punições significativas "estão a caminho rapidamente".
Entre os membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU, só a China vem mantendo apoio ao Irã, deixando no ar a ideia de que usará seu poder de veto para rejeitar a resolução que está sendo costurada por EUA e França.
Ontem, Pequim pediu "mais conversas" com Teerã. Em caso de veto da China, restaria às potências aplicar sanções unilaterais, a exemplo das punições impostas pelos EUA ao Irã.
O recuo de Moscou no apoio ao Irã, de quem é o maior fornecedor de armas, foi externado por Nikolai Patrushev, czar dos assuntos de segurança no governo russo. "O Irã alega que não está tentando adquirir armas nucleares. Mas ações como começar a enriquecer urânio a 20% geram dúvidas em outros países, e essas dúvidas são válidas", disse Patrushev. "A paciência tem limites", afirmou.
Obama elogiou a Rússia e afirmou que serão concluídas nas próximas semanas conversas sobre "sanções significativas" ao Irã, que já enfrentou três levas de punições da ONU.
Entre as novas medidas cogitadas, estão uma maior restrição a operações financeiras e viagens internacionais dos quadros do regime e barreiras à importação de combustível -embora seja o quarto maior produtor mundial de petróleo, o país importa gasolina, devido à falta de infraestrutura para o refino.
Em mais um sinal de isolamento do Irã, a Itália, hoje o maior parceiro comercial dos iranianos na Europa, acusou o governo iraniano de orquestrar protestos ocorridos ontem contra a embaixada italiana em Teerã. Manifestantes pró-regime lançaram pedras e ovos contra o prédio em represália ao premiê Silvio Berlusconi, que prometeu, em recente viagem a Israel, restringir investimentos italianos no Irã.
O governo iraniano disse ontem que novas sanções não terão nenhum efeito sobre seu programa nuclear mas reiterou que só enriquece urânio para fins civis, não para ter a bomba.
Teerã divulgou ontem imagens da central de Natanz, onde o enriquecimento de urânio começou a subir dos atuais 3,5% para 20% com o objetivo declarado de usar o material para abastecer um reator usado para fins médicos -a bomba requer 90%. A agência nuclear da ONU confirmou ter inspetores no local acompanhando o processo.
Segundo Teerã, a decisão de enriquecer urânio por conta própria foi tomada depois que o Ocidente menosprezou a disposição do Irã em aceitar um plano da agência nuclear da ONU para que os estoques iranianos fossem tratados em outro país e devolvidos sob forma de material enriquecido o suficiente para usos medicinais.


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