São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Opositor integra gabinete chileno

Presidente eleito Sebastián Piñera anuncia nomes de ministério; diretor de rede varejista será chanceler

Sem maioria no Congresso, futuro mandatário nomeia membro da Concertação para a Defesa em busca de governo de unidade nacional

DA REDAÇÃO

O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, anunciou ontem sua equipe de ministros, que inclui um empresário como chanceler e um militante da oposição na pasta da Defesa.
O empresário e ex-senador Piñera, 60, de centro-direita, assume o cargo em 11 de março, após derrotar no mês passado a Concertação, a coalizão de centro-esquerda que governou o país por 20 anos desde o fim da ditadura Pinochet (1973-1990).
Eleito com promessas de renovação e meritocracia no serviço público, Piñera montou um gabinete com idade média de 49 anos -seis mulheres e 16 homens. Dos 22 ministros, 13 não têm filiação partidária -RN, partido de Piñera, e UDI, braço conservador da coalizão, dividem quatro pastas cada um.
O único ministro oriundo da oposição será Jaime Ravinet, 63, militante histórico da DC (Democracia Cristã, partido de centro da Concertação). Ministro de Habitação e da Defesa no governo Ricardo Lagos (2000-2006), Ravinet renunciou ontem mesmo à sigla, antecipando-se a uma prevista expulsão.
O aceno à DC reforça o discurso de Piñera de que fará um "governo de unidade nacional". Sem maioria no Congresso -a Concertação tem vantagem estreita no Senado e nenhum dos blocos controlará a Câmara-, seu governo deverá manter a política de acordos vigente há 20 anos no Legislativo.
No ministério de Relações Exteriores a surpresa veio com a indicação de Alfredo Moreno Charme, 53, um empresário sem histórico diplomático. Diretor da rede varejista Falabella, que mantém investimentos em Chile, Argentina, Colômbia e Peru, afirmou ontem que sua gestão dará ênfase à América Latina e aos países vizinhos.

Braço direito
Ex-coordenador-geral da campanha de Piñera, o advogado especializado em fusões e aquisições Rodrigo Hinzpeter, 43, será ministro do Interior, cargo que no Chile funciona como espécie de chefe de gabinete, concentrando informações dos ministérios e a gestão da segurança pública.
O eixo político do gabinete se completa com o economista Cristián Larroulet, 56, na Secretaria Geral da Presidência, e a candidata derrotada ao Senado Ena von Baer, 34, como porta-voz e ministra da Secretaria Geral de Governo.
Larroulet e o futuro ministro da Educação, Joaquín Lavin, que disputou a Presidência em 1999 e 2004 e perdeu neste ano a eleição para o Senado, colaboraram na área econômica do regime militar. O tema foi assunto na campanha, quando Piñera deixou aberta a possibilidade de incorporar ex-ocupantes de cargos na ditadura ao governo.
Para a pasta da Fazenda irá o economista Felipe Larraín, 51, que terá como desafio cumprir as ousadas promessas de Piñera de elevar o crescimento do PIB para 6% ao ano (a média nos últimos anos é de 2,7%) e criar 1 milhão de empregos.
Como outros 12 integrantes da equipe, Larraín tem pós-graduação no exterior. Em cerimônia carregada de simbolismo, os indicados receberam pastas e um pen-drive com informações sobre cada pasta.


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