São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Com "franca melhora", Kirchner deixa a UTI e deve ter alta hoje

Casal presidencial tenta evitar que problema de saúde afete planos eleitorais

SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

O ex-presidente argentino Néstor Kirchner, 59, marido da atual presidente, Cristina Kirchner, deverá ter alta hoje do hospital de Buenos Aires em que foi internado às pressas, no último domingo, para ser submetido a uma cirurgia de desobstrução da carótida direita.
A previsão de alta foi divulgada após boletim médico assinalar sua "franca melhora".
Cristina, que anteontem voltou a passar a noite no hospital, assim como fizera no domingo, anunciou que Kirchner havia deixado a UTI, durante um ato oficial, na Casa Rosada, na manhã de ontem.
A presidente afirmou que seu marido e antecessor "inaugurou um novo sistema político na Argentina". Ela discursava para aposentados e pensionistas, que terão aumento de 8,1% nos seus vencimentos, segundo decisão do governo.
"Ele me orgulha muito como marido, mas também como líder político de uma Argentina que sempre viu, nestas quatro paredes [da Casa Rosada], presidentes que tomavam decisões impostas de fora", disse.
Segundo Cristina, Kirchner "construiu uma Argentina diferente em matéria de autoridade política", onde "as decisões -estejam ou não de acordo com elas- são tomadas aqui, na Casa Rosada".
O discurso presidencial soma-se a outros indícios de que o casal Kirchner tenta evitar que o problema de saúde do ex-presidente comprometa seus planos para a eleição de 2011.
O ex-mandatário indicou a seus aliados que deve ser mantida a data de 10 de março para a qual estava prevista a cerimônia que formalizará seu retorno à presidência do partido PJ.
Kirchner havia renunciado à liderança da sigla depois de seu fracasso nas eleições legislativas de junho de 2008 e de sua própria derrota para o peronista dissidente Francisco De Narváez. Contudo, a diretoria do PJ rechaçou a renúncia, e Kirchner não chegou a ser substituído.
Atribui-se a uma suposta onda de questionamentos a Kirchner na base do PJ um fator a mais de estresse recente com que lidou o ex-presidente e que teria contribuído para a crise que ele teve no domingo.
Kirchner sentiu formigamento e rigidez do lado esquerdo do corpo. Detectada a obstrução na carótida, os médicos decidiram operá-lo, para afastar o risco de um AVC (acidente vascular cerebral).
A polêmica gerada pela revelação de que ele comprou US$ 2 milhões em outubro de 2008, operação na qual a oposição levantou suspeita de uso de informação privilegiada, porém, teria sido o que mais o irritou. Ele nega irregularidades.
Desde o fim de 2009, Kirchner age como candidato à Presidência. Porém, numa declaração recente, o chefe de gabinete de Cristina, Aníbal Fernández, deixou entrever a possibilidade de ela concorra.
Atualmente, a imagem de ambos não supera 20% de aprovação da opinião pública, segundo diversas pesquisas.


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