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Com "franca melhora", Kirchner deixa a UTI e deve ter alta hoje
Casal presidencial tenta evitar que problema de saúde afete planos eleitorais
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O ex-presidente argentino
Néstor Kirchner, 59, marido da
atual presidente, Cristina
Kirchner, deverá ter alta hoje
do hospital de Buenos Aires em
que foi internado às pressas, no
último domingo, para ser submetido a uma cirurgia de desobstrução da carótida direita.
A previsão de alta foi divulgada após boletim médico assinalar sua "franca melhora".
Cristina, que anteontem voltou a passar a noite no hospital,
assim como fizera no domingo,
anunciou que Kirchner havia
deixado a UTI, durante um ato
oficial, na Casa Rosada, na manhã de ontem.
A presidente afirmou que seu
marido e antecessor "inaugurou um novo sistema político
na Argentina". Ela discursava
para aposentados e pensionistas, que terão aumento de 8,1%
nos seus vencimentos, segundo
decisão do governo.
"Ele me orgulha muito como
marido, mas também como líder político de uma Argentina
que sempre viu, nestas quatro
paredes [da Casa Rosada], presidentes que tomavam decisões
impostas de fora", disse.
Segundo Cristina, Kirchner
"construiu uma Argentina diferente em matéria de autoridade política", onde "as decisões
-estejam ou não de acordo
com elas- são tomadas aqui, na
Casa Rosada".
O discurso presidencial soma-se a outros indícios de que o
casal Kirchner tenta evitar que
o problema de saúde do ex-presidente comprometa seus planos para a eleição de 2011.
O ex-mandatário indicou a
seus aliados que deve ser mantida a data de 10 de março para
a qual estava prevista a cerimônia que formalizará seu retorno
à presidência do partido PJ.
Kirchner havia renunciado à
liderança da sigla depois de seu
fracasso nas eleições legislativas de junho de 2008 e de sua
própria derrota para o peronista dissidente Francisco De Narváez. Contudo, a diretoria do
PJ rechaçou a renúncia, e
Kirchner não chegou a ser
substituído.
Atribui-se a uma suposta onda de questionamentos a
Kirchner na base do PJ um fator a mais de estresse recente
com que lidou o ex-presidente
e que teria contribuído para a
crise que ele teve no domingo.
Kirchner sentiu formigamento e rigidez do lado esquerdo do corpo. Detectada a obstrução na carótida, os médicos
decidiram operá-lo, para afastar o risco de um AVC (acidente
vascular cerebral).
A polêmica gerada pela revelação de que ele comprou US$ 2
milhões em outubro de 2008,
operação na qual a oposição levantou suspeita de uso de informação privilegiada, porém,
teria sido o que mais o irritou.
Ele nega irregularidades.
Desde o fim de 2009, Kirchner age como candidato à Presidência. Porém, numa declaração recente, o chefe de gabinete
de Cristina, Aníbal Fernández,
deixou entrever a possibilidade
de ela concorra.
Atualmente, a imagem de
ambos não supera 20% de
aprovação da opinião pública,
segundo diversas pesquisas.
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