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Nome de guerra de socialista era "Lozano"
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Quando terminou a Guerra
Civil espanhola, em 1939, ainda
faltava 21 anos para que Purificación Zapatero tivesse o filho
José Luis Rodríguez Zapatero,
ontem reeleito presidente do
governo espanhol (como é um
regime parlamentarista, o cargo é de primeiro-ministro, mas
a terminologia espanhola é a de
presidente do governo).
Apesar da distância entre seu
nascimento e a guerra, Zapatero traz para a vida pessoal e pública a marca do enfrentamento fratricida: seu codinome,
quando entrou para a Juventude Socialista, em 1979, era "Lozano". Vinha do nome do avô,
Juan Rodríguez Lozano, capitão do exército republicano, fuzilado no primeiro ano da guerra (1936), como tantos integrantes do grupo derrotado.
A dor da família, no entanto,
não se transformou em amargura. Ao contrário. "Meu caráter otimista ao enfrentar meus
desafios pessoais, meus desafios na vida pública, deveu-se
sempre ao convencimento de
que havia sido tão dura a vida
de meu pai, havia sido tão dura
a vida de todo o país, que nós só
podíamos ter pela frente um
bom futuro", depôs Zapatero
para o livro "Madera de Zapatero - Retrato de un presidente",
do jornalista Suso de Toro, extremamente laudatório.
Se a Espanha terá ou não um
bom futuro, é matéria aberta a
opiniões. Zapatero teve. Foi o
mais jovem deputado das Cortes, o Parlamento espanhol,
eleito em 1986, com apenas 26
anos, por León, que é seu berço
político, mas não físico (nasceu
em Valladolid, dia 4 de agosto
de 1960). Está, portanto, nas
Cortes há 22 anos.
No PSOE (o Partido Socialista Operário Espanhol), há mais
tempo: desde que, em 1979,
aderiu à Juventude Socialista,
nunca mais deixou o partido.
Elegeu-se secretário-geral no
ano 2000, no vácuo criado pelo
afastamento voluntário de Felipe González, o principal dirigente do PSOE desde a clandestinidade até a redemocratização, passando por 14 anos de
Presidência do governo (1982-1996).
Derrotado por José María
Aznar, em 1996, González afastou-se. O PSOE pulou de secretário-geral em secretário-geral,
perdeu de novo a eleição de
2000, até que Zapatero lançou
sua candidatura em nome de
uma corrente interna batizada
de "Nueva Vía", mais centrista
ainda do que o partido já se tornara desde que abandonara o
marxismo, ainda no período de
clandestinidade.
Sua vitória surpreendeu porque ele não figurava entre os
cardeais socialistas. Como surpreendeu também sua vitória
seguinte, agora nas eleições gerais, em 2004: as pesquisas davam como favorito o conservador PP (Partido Popular), então
como agora liderado por Mariano Rajoy.
Atentados
Mas a manipulação pelo governo conservador das informações sobre os atentados aos
trens de Madri, no dia 11 de
março, três dias antes da votação, acabou provocando a reviravolta e a vitória de Zapatero.
Que não surpreendeu ao
anunciar sua primeira decisão:
retirar as tropas espanholas do
Iraque, cumprindo promessa
de campanha (e atendendo ao
clamor da rua, visto que todas
as pesquisas de opinião mostravam uma sólida maioria
contra a guerra).
Seus quatro anos de gestão
têm uma aprovação muito relativa: a mais recente pesquisa do
Centro de Investigações Sociológicas, em fevereiro, lhe deu
nota 5,36, a melhor entre todos
os líderes políticos, mas quase
reprovado, já que a nota vai de 1
a 10.
Privacidade
Formado em Direito, casado
há 18 anos com Sonsoles Espinoza, que também estudou Direito e é cantora de música clássica e professora de música, pai
de Laura e Alba, Zapatero ganhou o direito de continuar
preservando a família dos olhares do público, com a discrição
que o casal faz empenho em
manter, graças a poder residir
até nova eleição no protegido
Palácio de la Moncloa.
(CR)
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