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Ações da Colômbia na Amazônia afetam Farc
LUIS KAWAGUTI
ENVIADO ESPECIAL A CUCUÍ
A intensificação das ações do
Exército colombiano na região
da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela no
início deste ano diminuiu as
atividades das Farc e provocou
a retração do comércio na região, segundo informações obtidas pelo Exército brasileiro.
As forças guerrilheiras eram
normalmente abastecidas com
alimentos e remédios vindos de
cidades brasileiras. "Quando
sai um barco daqui de São Gabriel da Cachoeira (AM) subindo à Colômbia para vender comida, com certeza parcela dessa comida será utilizada pela
guerrilha. Mas isso é o livre comércio, não temos como proibir", afirmou o general-de-brigada Antônio Hamilton Martins Mourão, comandante da 2ª
Brigada de Infantaria de Selva.
Para chegar à Colômbia, esses barcos sobem o rio Negro e
passam por um posto de fiscalização no Pelotão Especial de
Fronteira de Cucuí. Até janeiro
de 2008, de dois a três barcos
carregados de mantimentos
cruzavam a fronteira por semana em direção ao país vizinho.
Contudo, há um mês e meio o
Exército não registra mais a
passagem desse tipo de embarcação. A época coincide com a
intensificação das operações do
Exército colombiano na região.
Os militares colombianos estão
instalados nas cidades de Guadalupe e San Filipe, antes dominadas pela guerrilha. Uma
das hipóteses dos militares brasileiros para a diminuição do
trânsito desses barcos é que esses guerrilheiros tenham se
concentrado agora na área do
rio Guainia.
Duas frentes
Segundo o general Mourão, a
guerrilha na região está dividida na frente um, com 430 homens, e na frente 16, com 110,
aproximadamente. Essas frentes abrangem as regiões de
Vaupés e Guainia, respectivamente, na Colômbia. O Exército diz crer que a área dominada
por essas duas frentes funcione
para as Farc como um "santuário", ou seja, um local onde os
guerrilheiros podem se esconder, descansar, manter prisioneiros e planejar ataques.
A região é dominada pela selva amazônica, o que torna fácil
encontrar esconderijos. Por
outro lado, por ser desabitada, a
área não oferece alvos compensadores aos guerrilheiros.
O Pelotão Especial de Fronteira de Cucuí fiscaliza a maior
parte dos barcos que cruzam a
fronteira pelo rio Negro. Quando uma embarcação é abordada, todos os passageiros são fichados e fotografados, segundo
o capitão Paulo Gustavo Monteiro dos Santos, comandante
do pelotão. Os dados são então
repassados à inteligência do
Exército e cruzados com dicas
fornecidas por informantes sobre traficantes de drogas e
guerrilheiros. Esse sistema, porém, ainda não está integrado
com o banco de dados da polícia. O mesmo tipo de fiscalização é feito em outros oito pelotões instalados ao longo da
fronteira colombiana.
Prisões
A última prisão de um suposto guerrilheiro em Cucuí foi em
janeiro. Celso Rodrigues Melgueiro é brasileiro e teria atuado na produção de cocaína na
Colômbia. Ele foi detido pelo
Exército quando tentava sair
do Brasil, não por ser suspeito
de participar da guerrilha, mas
por ser foragido da polícia.
Segundo o general Mourão, o
Exército não tem como meta
prender suspeitos de participação na guerrilha, por se tratar
de um conflito de outra nação.
Os guerrilheiros só podem ser
detidos no Brasil se forem flagrados armados, transportando ou negociando drogas ou infringindo de outro modo a lei.
Alguns deles, diz Mourão, entram no Brasil como cidadãos
colombianos comuns para fazer compras e receber tratamento em hospitais e postos de
saúde.
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