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Para revista colombiana, guerrilha cogitou financiar campanha de Correa
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Correspondência eletrônica
mantida pela cúpula das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) indica que a
guerrilha cogitou repassar até
US$ 100 mil ao então candidato
a presidente Rafael Correa, no
primeiro turno das eleições
equatorianas em 2006, segundo documentos revelados pela
revista colombiana "Semana".
A avaliação está descrita em
um e-mail enviado pelo líder
máximo das Farc, Manuel Marulanda, ao porta-voz do grupo,
Raúl Reyes, morto no dia 1º de
março por forças colombianas
em um acampamento localizado em território equatoriano.
O bombardeio do acampamento resultou em fortes protestos de Correa, que rompeu
relações diplomáticas com a
Colômbia. A tensão entre os
dois países diminui na sexta-feira, quando o presidente colombiano, Álvaro Uribe, desculpou-se pela invasão de território e apertou a mão do presidente equatoriano na cúpula
do Grupo do Rio, em Santo Domingo.
Para o público interno, porém, o governo Uribe continua
investindo politicamente em
supostas relações das Farc com
Correa e com o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez. Os
computadores apreendidos
com Reyes compõem a base das
acusações de Uribe, que prometera processar Chávez no
âmbito do Tribunal Penal Internacional por financiamento
de genocídio.
Em mensagem do dia 12 de
outubro de 2006, Marulanda
conta a Reyes que a cúpula do
grupo divergia sobre o valor a
ser repassado para a campanha
de Correa, que poderia ser de
US$ 20 mil, US$ 50 mil ou US$
100 mil.
"O secretariado está de acordo em dar apoio a nossos amigos no Equador", anota.
O líder guerrilheiro registra
que há urgência em decidir o
caso, já que a eleição ocorreria
dali a três dias, em 15 de outubro. Correa foi eleito no segundo turno, realizado no dia 26 de
novembro do mesmo ano.
O presidente do Equador nega manter relações com as Farc
e duvida da autenticidade dos
documentos. "É possível inventar qualquer coisa, uma simples
impressão não possui validade
legal", disse Correa.
Os e-mails também demonstram que as Farc queriam comprar mísseis da Líbia e no Líbano. Em 2000, os guerrilheiros
contataram o ditador líbio,
Muammar Gadafi, pedindo
empréstimo para aquisição de
mísseis terra-ar. Ainda segundo essas correspondências, em
abril de 2007, as Farc avaliaram
adquirir mísseis do Líbano.
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