São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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Para revista colombiana, guerrilha cogitou financiar campanha de Correa

IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Correspondência eletrônica mantida pela cúpula das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) indica que a guerrilha cogitou repassar até US$ 100 mil ao então candidato a presidente Rafael Correa, no primeiro turno das eleições equatorianas em 2006, segundo documentos revelados pela revista colombiana "Semana".
A avaliação está descrita em um e-mail enviado pelo líder máximo das Farc, Manuel Marulanda, ao porta-voz do grupo, Raúl Reyes, morto no dia 1º de março por forças colombianas em um acampamento localizado em território equatoriano.
O bombardeio do acampamento resultou em fortes protestos de Correa, que rompeu relações diplomáticas com a Colômbia. A tensão entre os dois países diminui na sexta-feira, quando o presidente colombiano, Álvaro Uribe, desculpou-se pela invasão de território e apertou a mão do presidente equatoriano na cúpula do Grupo do Rio, em Santo Domingo.
Para o público interno, porém, o governo Uribe continua investindo politicamente em supostas relações das Farc com Correa e com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Os computadores apreendidos com Reyes compõem a base das acusações de Uribe, que prometera processar Chávez no âmbito do Tribunal Penal Internacional por financiamento de genocídio.
Em mensagem do dia 12 de outubro de 2006, Marulanda conta a Reyes que a cúpula do grupo divergia sobre o valor a ser repassado para a campanha de Correa, que poderia ser de US$ 20 mil, US$ 50 mil ou US$ 100 mil.
"O secretariado está de acordo em dar apoio a nossos amigos no Equador", anota.
O líder guerrilheiro registra que há urgência em decidir o caso, já que a eleição ocorreria dali a três dias, em 15 de outubro. Correa foi eleito no segundo turno, realizado no dia 26 de novembro do mesmo ano.
O presidente do Equador nega manter relações com as Farc e duvida da autenticidade dos documentos. "É possível inventar qualquer coisa, uma simples impressão não possui validade legal", disse Correa.
Os e-mails também demonstram que as Farc queriam comprar mísseis da Líbia e no Líbano. Em 2000, os guerrilheiros contataram o ditador líbio, Muammar Gadafi, pedindo empréstimo para aquisição de mísseis terra-ar. Ainda segundo essas correspondências, em abril de 2007, as Farc avaliaram adquirir mísseis do Líbano.


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