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Bolívia expulsa americano sob acusação de conspirar
Morales, que já expulsara embaixador, diz que diplomata tramava contra estatal do gás
Para Washington, medida "injustificada" contradiz intenção de melhorar as relações bilaterais; expulso tem até quinta para sair
DA REDAÇÃO
O presidente Evo Morales
expulsou ontem o segundo diplomata americano da Bolívia
em seis meses. O segundo secretário da Embaixada dos
EUA, Francisco Martínez, foi
acusado pelo boliviano de conspirar contra o seu governo e
tem até quinta-feira para deixar o país.
Morales disse que decidiu
declarar Martínez "persona
non grata" após "profundas investigações" e para "dar um fim
à conspiração estrangeira". Em
setembro passado, ele já havia
expulsado o então embaixador
americano, Philip Goldberg, e
depois os agentes da DEA
(agência americana de combate
às drogas), também sob a acusação de conspiração.
As queixas remetem ao período de greves organizadas pelos governadores de oposição
contra a nova Constituição do
país, projeto político prioritário para Morales, que acabou
aprovada em referendo em janeiro passado. Os opositores
exigiam maior autonomia regional do que prevê a Carta e
queriam que Morales devolvesse aos departamentos parte da
renda do gás redirecionada para pagar pensão a idosos.
Na época, o governo acusou
os oposicionistas de tramarem
um "golpe civil" e Goldberg foi
acusado de incitar a oposição. A
crise foi encerrada com a mediação da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Martínez, americano de origem mexicana, enfrenta as
mesmas acusações, além da de
estar vinculado a uma suposta
trama de espionagem da CIA
(agência de inteligência americana) contra a estatal de gás e
petróleo YPFB.
O diplomata teria tido contatos frequentes com o ex-policial Rodrigo Carrasco, que, fingindo ser especialista em hidrocarbonetos, foi nomeado
gerente de Comercialização da
estatal. Ali, virou pivô de um escândalo de corrupção que levou
à queda do presidente da estatal, Santos Ramírez. Alto dirigente do governista MAS (Movimento ao Socialismo), Ramírez está atualmente em prisão
preventiva. O governo acusa
Carrasco de ser agente da CIA.
Os EUA lamentaram a expulsão "injustificada" e disseram
que ela "contradiz as declarações recentes do governo da
Bolívia, que expressava seu desejo de melhorar as relações bilaterais", nas palavras de Andy
Laine, porta-voz do Departamento de Estado.
Após a expulsão dos agentes
da DEA, os EUA tiraram a Bolívia da ATPDEA (Lei de Preferências Tarifárias Andinas e
Erradicação de Drogas), que
beneficia exportações aos EUA,
alegando falta de colaboração
no combate ao narcotráfico. A
princípio, o governo Obama
manteve o diagnóstico.
Aliados de Morales, Hugo
Chávez (Venezuela) e Rafael
Correa (Equador) também expulsaram diplomatas americanos nos últimos seis meses.
Com agências internacionais
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