São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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Coreia do Norte afirma estar de prontidão para guerra

Exercício militar anual de EUA e Coreia do Sul motiva ameaças de Pyongyang

Washington e Seul insistem que movimentação tem fins defensivos, o que não evita corte da via de comunicação oficial entre as Coreias

DA REDAÇÃO

A Coreia do Norte determinou que seu Exército fique de prontidão e cortou ontem sua linha de comunicação militar com a Coreia do Sul. As medidas, acompanhadas de uma escalada na retórica de Pyongyang, foram reações ao início do exercício militar anual que sul-coreanos e americanos realizam na região.
"Não há sentido em manter os canais normais de comunicação quando os fantoches sul-coreanos estão agitados por causa desses exercícios militares, erguendo suas armas ante os companheiros do país em conluio com forças estrangeiras", relatou um porta-voz militar norte-coreano.
Em outro pronunciamento, Pyongyang alertou que qualquer provocação na atividade de 12 dias prevista por EUA e Seul pode desencadear guerra.
Os norte-coreanos externaram preocupação com seu plano de colocar um satélite em órbita -americanos e japoneses dizem que projeto pode prenunciar o desenvolvimento de um míssil de longo alcance.
"Alvejar nosso satélite que tem fins pacíficos irá precisamente significar guerra", ameaçou o Exército norte-coreano, destacando que qualquer tentativa de atingir o projeto motivará "um justo ataque retaliatório" -razão pela qual o efetivo de 1,1 milhão de militares foi colocado de prontidão.
O Departamento da Defesa dos EUA publicou em seu site um vídeo de entrevista do comandante William Weedon, no qual o militar alega: "Não é um exercício que vise atacar a Coreia do Norte, mas defender a Coreia do Sul de um ataque norte-coreano".
Na ação, estão envolvidos cerca de 30 mil militares -sendo mais de 26 mil americanos.
"Como falamos inúmeras vezes, os exercícios são defensivos por sua natureza e integram o treinamento anual", afirmou Kim Ho-nyoun, porta-voz do Ministério da Unificação sul-coreano, que cobrou de Pyongyang a retomada do único canal oficial de comunicação entre os países, cuja interrupção gerou transtorno ontem.
Sem um tratado de paz desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), interrompida com cessar-fogo vigente até hoje, sul e norte-coreanos estão, tecnicamente, em estado de guerra.
Mesmo comparada a seu padrão histórico, a retórica de Pyongyang tem sido particularmente belicosa recentemente.
O processo de reconciliação empacou desde a posse do presidente Lee Myung-bak em Seul há um ano. Depois de o direitista Lee declarar que o vizinho deveria continuar desativando seu programa nuclear em troca de auxílio, a Coreia do Norte suspendeu projeto econômico conjunto.
Pyongyang também anunciou que não reconhecerá o limite marítimo entre os países e, na semana passada, disse que não garantiria a segurança de aeronaves civis sul-coreanas voando sobre seu espaço aéreo.
O ditador norte-coreano, Kim Jong-il, estaria furioso por não ter sido cortejado por Lee da mesma maneira que era pelos seus antecessores, de centro-esquerda. Analistas também apontam que o aumento do tom visa chamar a atenção de Barack Obama, na esperança de que ele propicie parte do auxílio que parou de ir do sul para o norte da península.


Com "Financial Times" e agências internacionais


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