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Israel anuncia mais construções em Jerusalém e contraria EUA
Anúncio "abala confiança" necessária à paz, afirma vice de Obama em visita
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Nem os mais céticos, e eles
são a maioria, esperavam que a
retomada das negociações entre israelenses e palestinos começasse a naufragar tão cedo.
Ontem, depois do anúncio de
que Israel vai construir mais
1.600 casas em Jerusalém
Oriental, a liderança palestina
ameaçou abortar o diálogo antes mesmo do seu início.
O constrangimento se estendeu aos EUA, cujo vice, Joe Biden, iniciava seu segundo dia
de visita a Israel enquanto um
comunicado do governo informava sobre as novas construções -na véspera, já fora feito o
anúncio da construção de 112
apartamentos na Cisjordânia,
contrariando congelamento de
nove meses anunciado em novembro após pressão dos EUA.
Biden, que passou a segunda-feira em Jerusalém trocando
abraços e declarações calorosos
com líderes de Israel, terminou
a terça-feira criticando o país.
Há meses os americanos tentam vencer a resistência palestina a voltar à negociações, o
que só ocorreu há poucos dias,
por meio de contatos indiretos.
Para Biden, o anúncio "é exatamente o tipo de passo que
abala a confiança" necessária
ao avanço do processo de paz.
O Ministério de Interior de
Israel afirma que as 1.600 unidades habitacionais que serão
construídas num bairro de população judia ortodoxa em Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital
de seu futuro Estado, fazem
parte de um projeto iniciado há
três anos e que o anúncio nada
tem a ver com a visita de Biden.
Embora a decisão fosse do
conhecimento do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, o
momento da revelação parece
tê-lo pego de surpresa.
Nabil Abu-Rudeina, porta-voz da Autoridade Nacional Palestina (ANP), disse que o
anúncio é "uma decisão perigosa, que irá torpedear as negociações e levar os esforços americanos ao completo fracasso".
Também na fraca oposição
doméstica ao governo de Netanyahu o gesto foi visto como
uma ação deliberada para sabotar a tentativa de avanço.
Para Meir Margalit, membro
do Conselho Municipal de Jerusalém pelo partido de esquerda Meretz, a presença de
Biden estimulou o anúncio sobre as construções: "É claro que
não foi coincidência", afirmou.
Coincidência ou não, Biden
faz um roteiro que será repetido na próxima semana pelo
presidente Lula e que inclui Israel, territórios palestinos e
Jordânia. Ontem foi confirmado que o presidente brasileiro
discursará na Knesset, o Parlamento israelense.
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