São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2010

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Terremoto não abala aprovação a Bachelet

Presidente chilena deixa o cargo amanhã com governo avalizado por 84% da população, mesmo índice registrado antes de tremor

Mandatária reconheceu erros nas medidas tomadas após sismo, mas 75% dos entrevistados aprovam a sua atuação no episódio


SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

A aprovação popular ao governo da presidente do Chile, Michelle Bachelet, manteve-se estável em 84% após a catástrofe que atingiu o país no último dia 27, segundo pesquisa de opinião divulgada ontem pelo instituto Adimark GfK. O índice é idêntico ao que Bachelet possuía na última pesquisa feita antes do desastre.
O terremoto de magnitude 8,8, seguido de maremoto em regiões costeiras do sul do país, causou colapso nos serviços de água, luz e telefonia. Nas áreas mais próximas ao epicentro, onde a devastação foi intensa, desencadeou onda de saques a estabelecimentos comerciais.
Bachelet admitiu erro dos órgãos administrativos federais que descartaram a possibilidade de maremoto após o tremor e recomendaram calma à população. O maior número de vítimas -até o momento foram identificados 497 corpos- ocorreu na região atingida pelo tsunami.
A reação da presidente à catástrofe foi alvo de críticas por setores da política, da academia e da imprensa e motivo de polêmica entre o governo e a Marinha, na discussão sobre as responsabilidades pela ausência do alerta de tsunami. No entanto, a pesquisa aponta 75% de aprovação ao seu desempenho na administração da catástrofe.
A principal cobrança feita à presidente por seus críticos refere-se ao tempo que ela levou para decretar "exceção constitucional por catástrofe" nas áreas mais devastadas, delegando às Forças Armadas o controle da segurança. Bachelet tomou a medida na tarde do domingo, 28. Poucas horas após o terremoto ocorrido às 3h34 do sábado já havia relatos de saques a supermercados no sul do país.
Segundo a pesquisa da Adimark, as medidas de repressão aos episódios de delinquência ocorridos sob a catástrofe são o único aspecto em que o índice de desaprovação de Bachelet (59%) supera o de aprovação.
Os dados apontam que 96% dos chilenos têm "carinho" pela presidente e 83% confiam em sua capacidade para enfrentar "situações de crise".
A expectativa sobre o governo do presidente eleito Sebastián Piñera, que assume o cargo amanhã, registrou leve alta. O índice dos que acham que Piñera fará um bom governo subiu de 58% para 59%.
Ontem, Piñera convocou os chilenos a "secar as lágrimas" e afirmou que a catástrofe conferiu um "sentido de urgência" ao seu governo. "Se antes não tínhamos um minuto a perder, agora não temos um segundo a perder", disse.
Ele voltou a prometer uma reconstrução com avanços qualitativos para o Chile. "É hora de reconstruir o país. Não só a reconstrução material, que faremos melhor que antes, mas uma reconstrução para que o nosso país seja mais justo."


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