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Terremoto não abala aprovação a Bachelet
Presidente chilena deixa o cargo amanhã com governo avalizado por 84% da população, mesmo índice registrado antes de tremor
Mandatária reconheceu erros nas medidas tomadas após sismo, mas 75% dos entrevistados aprovam a sua atuação no episódio
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO
A aprovação popular ao governo da presidente do Chile,
Michelle Bachelet, manteve-se
estável em 84% após a catástrofe que atingiu o país no último
dia 27, segundo pesquisa de
opinião divulgada ontem pelo
instituto Adimark GfK. O índice é idêntico ao que Bachelet
possuía na última pesquisa feita antes do desastre.
O terremoto de magnitude
8,8, seguido de maremoto em
regiões costeiras do sul do país,
causou colapso nos serviços de
água, luz e telefonia. Nas áreas
mais próximas ao epicentro,
onde a devastação foi intensa,
desencadeou onda de saques a
estabelecimentos comerciais.
Bachelet admitiu erro dos órgãos administrativos federais
que descartaram a possibilidade de maremoto após o tremor
e recomendaram calma à população. O maior número de vítimas -até o momento foram
identificados 497 corpos-
ocorreu na região atingida pelo
tsunami.
A reação da presidente à catástrofe foi alvo de críticas por
setores da política, da academia
e da imprensa e motivo de polêmica entre o governo e a Marinha, na discussão sobre as responsabilidades pela ausência
do alerta de tsunami. No entanto, a pesquisa aponta 75% de
aprovação ao seu desempenho
na administração da catástrofe.
A principal cobrança feita à
presidente por seus críticos refere-se ao tempo que ela levou
para decretar "exceção constitucional por catástrofe" nas
áreas mais devastadas, delegando às Forças Armadas o
controle da segurança. Bachelet tomou a medida na tarde do
domingo, 28. Poucas horas
após o terremoto ocorrido às
3h34 do sábado já havia relatos
de saques a supermercados no
sul do país.
Segundo a pesquisa da Adimark, as medidas de repressão
aos episódios de delinquência
ocorridos sob a catástrofe são o
único aspecto em que o índice
de desaprovação de Bachelet
(59%) supera o de aprovação.
Os dados apontam que 96%
dos chilenos têm "carinho" pela presidente e 83% confiam
em sua capacidade para enfrentar "situações de crise".
A expectativa sobre o governo do presidente eleito Sebastián Piñera, que assume o cargo
amanhã, registrou leve alta. O
índice dos que acham que Piñera fará um bom governo subiu
de 58% para 59%.
Ontem, Piñera convocou os
chilenos a "secar as lágrimas" e
afirmou que a catástrofe conferiu um "sentido de urgência" ao
seu governo. "Se antes não tínhamos um minuto a perder,
agora não temos um segundo a
perder", disse.
Ele voltou a prometer uma
reconstrução com avanços
qualitativos para o Chile. "É hora de reconstruir o país. Não só
a reconstrução material, que
faremos melhor que antes, mas
uma reconstrução para que o
nosso país seja mais justo."
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