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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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Coalizão ergue campo de detenção para 24 mil presos no sul do Iraque

DA REDAÇÃO

A coalizão anglo-americana, que atualmente mantém 7.300 prisioneiros iraquianos, começou a construção de um presídio na cidade portuária de Umm Qasr (sul do Iraque) com capacidade para cerca de 24 mil presos, o equivalente a três complexos do Carandiru, fechado no ano passado. O anúncio foi feito ontem por oficiais norte-americanos.
O presídio será uma grande cidade de tendas, cada uma abrigando de 15 a 20 homens, informou o capitão do Exército americano John Della Jacono.
Segundo o oficial, não há planos para enviar presos para a base militar americana de Guantánamo, em Cuba, onde centenas de suspeitos estão detidos após serem capturados no Afeganistão ou em outros países onde houve ações contra o terrorismo.
"Os prisioneiros permanecerão em Umm Qasr até o fim das hostilidades, depois será decidido se eles serão repatriados para uma administração provisória ou para um governo legítimo iraquiano", disse Jacono.
Um prédio para interrogatório também está sendo planejado. Até agora, não foram identificados todos os prisioneiros.
Apesar de notícias de que oficiais de alta patente estão entre os presos, militares americanos afirmam que alguns se identificaram como generais na esperança de receber melhor tratamento.

Caos prossegue
Em Basra, apesar de ter sido o dia com o menor número de confrontos desde a invasão das tropas britânicas, houve novos momentos de caos. Todos os prédios públicos da cidade estão em ruínas, destruídos pelas bombas da coalizão e por saqueadores locais. Os hospitais continuam sem eletricidade, e exala fumaça do principal distrito de polícia. As escolas e as lojas permanecem fechadas.
Em razão da desordem, soldados britânicos estão assumindo cada vez mais o papel de polícia na cidade.
Ontem, eles foram chamados para uma agência bancária onde foram ouvidos disparos de metralhadora. Não encontraram soldados, mas ladrões brigando entre si por causa do dinheiro roubado. Eles prenderam um homem que carregava um saco de dinheiro e encontraram outro morto.
Em outro episódio, soldados britânicos impediram que um homem fosse apedrejado até a morte após tentar saquear uma loja.
Preocupados em não parecer uma força de ocupação e em devolver alguma normalidade a Basra, os britânicos escolheram anteontem um xeque local (nome não divulgado) para ajudar na formação de um comitê administrativo provisório.
Moradores da cidade, no entanto, afirmaram que a medida poderá ser um desastre.
"Todos os xeques em Basra eram amigos de Saddam Hussein", disse Riva Kasim, médico do principal hospital de Basra.
"Durante todo o tempo, Saddam deu dinheiro a eles, que não faziam nada quando ele cortava a orelha de alguém que não havia se alistado ao Exército ou cortava a língua de quem falava mal dos militares", afirmou o médico.


Com agências internacionais


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