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AÇÃO PREVENTIVA
Dick Cheney diz que "jogar na defensiva não basta" contra nações que desafiam EUA
Vice de Bush ameaça novos ataques
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Com tropas e tanques circulando livremente por Bagdá em menos de três semanas desde o início
da guerra contra o Iraque, autoridades americanas exaltaram ontem o seu poderio militar e lançaram ameaças contra outros países
acusados de desafiar os EUA.
"Ao remover o regime do Iraque, enviamos uma mensagem
clara a todos os que usam a violência e espalham o terror contra
pessoas inocentes. Os EUA e a
nossa coalizão mostraram que temos a capacidade e a vontade de
vencer a guerra contra o terror",
afirmou o vice-presidente norte-americano, Dick Cheney.
O vice-presidente foi mais longe. Disse que, "para proteger os
Estados Unidos e defender a civilização", os norte-americanos não
podem contar apenas com políticas de "contenção".
"Para combater perigos sem
precedentes representados por
Estados irresponsáveis que detêm
armas de destruição em massa, os
EUA vêm adotando ações urgentes e sem precedentes", disse Cheney. "Jogar na defensiva não é o
suficiente. Temos de ir atrás deles.
Terroristas gostam de se esconder
por trás de Estados fora-da-lei."
O vice-presidente qualificou a
guerra contra o Iraque como "a
campanha mais extraordinária"
que os EUA já conduziram.
Na Casa Branca, questionado se
outros países podem receber tratamento semelhante ao Iraque, o
porta-voz do presidente George
W. Bush, Ari Fleischer, afirmou:
"Se sanções das Nações Unidas,
como no caso do Iraque, não são
cumpridas, os [países] que têm
um comportamento errado devem ser contidos". Até o fechamento desta edição, Bush não havia se pronunciado pessoalmente
sobre a tomada de Bagdá.
Pouco antes, Fleischer anunciou, sem ser questionado, que os
EUA e a Coréia do Sul devem realizar um encontro de cúpula no
próximo dia 14 de maio para discutir, entre outras coisas, "o problema da Coréia do Norte".
A Coréia do Norte, como o Irã e
o Iraque, foi incluída no chamado
"Eixo do Mal" por Bush.
Questionado se, além do Iraque,
haveria outros países como potenciais alvos da força militar
americana, o secretário da Defesa,
Donald Rumsfeld, disse que não
tinha "nada para anunciar. Ainda
estamos lidando com o Iraque".
Cheney e Rumsfeld, assim como o secretário-adjunto da Defesa dos EUA, Paul Wolfovitz, são conhecidos como os principais
"falcões" da administração Bush.
Além de defensores de uma "política de ataques preventivos", como a que foi usada contra o Iraque, sustentam que os EUA têm
um papel "civilizador" e a "responsabilidade de disseminar" a
democracia pelo mundo.
A euforia americana repercutiu
também no Congresso. O senador republicano John McCain
afirmou que os EUA devem estar
"orgulhosos de sua liderança, sua
tecnologia e seus militares".
Ontem, um dia depois de Bush
ter afirmado que as Nações Unidas terão um "papel vital" no Iraque pós-guerra, Cheney afirmou
que o papel-chave na reconstrução e na criação de um novo governo no país deve "estar concentrado" nos Estados Unidos.
"Não acreditamos que a ONU
esteja preparada para assumir um
papel central", disse. Fleischer
afirmou que Bush ainda não considera a guerra terminada.
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