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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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EUA oferecem prêmio por pistas de armas

DE WASHINGTON

Sem provas até aqui para sustentar a razão da guerra contra o Iraque, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, sublinhou ontem as características da "ditadura brutal" de Saddam Hussein.
Rumsfeld ofereceu também "recompensas" a quem levar aos militares americanos informações que os ajudem a descobrir vestígios de armas químicas no Iraque.
A exemplo do que aconteceu ao líder da Al Qaeda, Bin Laden, na guerra contra o Afeganistão, Rumsfeld afirmou "desconhecer" o paradeiro de Saddam.
Não soube dizer mesmo se ele continua vivo ou morto após dois bombardeios que procuraram atingi-lo em Bagdá.
"Mas Saddam Hussein está tomando agora o seu lugar certo, ao lado de pessoas como Hitler, Stálin, Lênin e Ceausescu no panteão dos ditadores brutais que falharam. E os iraquianos estão no caminho de sua liberdade", disse Rumsfeld no Pentágono.

"Garganta"
A estratégia de reforçar as características de "ditador brutal" de Saddam para tentar justificar a guerra também vem sendo adotada pelo presidente George W. Bush há alguns dias.
Anteontem, Bush chegou a dizer que as forças de coalizão estavam "retirando, dedo após dedo", as mãos de Saddam da "garganta" dos iraquianos.
Aparentando um bom humor que contrastava fortemente com as suas últimas aparições, quando a campanha apresentava dificuldades, Rumsfeld descreveu como "de tirar o fôlego" as imagens de civis iraquianos recebendo as tropas norte-americanas com "sorrisos e aplausos" em Bagdá.
"Não posso deixar de comparar as imagens às da queda do muro de Berlim e do colapso da "cortina de ferro"", disse.
O secretário da Defesa citou cientistas e oficiais militares como pessoas que poderiam receber "recompensas" se auxiliarem os Estados Unidos a encontrar vestígios de armas químicas no país.
"Recompensas serão dadas aos que ajudarem a prevenir o desaparecimento de documentos e materiais", disse Rumsfeld, sustentando ainda a posição de que Saddam possui armas químicas.
"Uma boa vida e um futuro melhor serão possíveis para aqueles que ajudarem as forças de coalizão", disse.
Toda a campanha militar americana no Iraque foi apoiada na suposição de que Saddam Hussein possuía armas químicas e de destruição em massa.
O fato de nada equivalente a isso ter sido usado pelos iraquianos contra as tropas norte-americanas na guerra já levanta a suspeita entre analistas nos EUA de que Saddam poderia de fato não ter os armamentos.
Na TV americana, latões de produtos químicos encontrados no Iraque e ainda não identificados pelos americanos são mostrados a todo momento como "indícios" de que Saddam pode ter mesmo armas de destruição em massa. (FCz)


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