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Para analista, Bush não fará mais guerra
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Dificilmente o presidente George W. Bush se aventurará em uma
nova guerra até as eleições americanas, no ano que vem. É a opinião de Alton Frye, 65, diretor do
Council on Foreign Relations e
consultor de órgãos do governo e
do legislativo dos EUA.
"A situação será muito parecida
com a de seu pai", afirmou Frye
em uma referência a George
Bush, que derrotou o regime iraquiano em 1991 e perdeu a reeleição no ano seguinte.
Folha - Quando o governo dos
EUA poderá declarar vitória?
Alton Frye - Quando os principais centros populacionais estiverem razoavelmente seguros. Isso
será verdade mesmo que continue havendo alguma atividade do
governo fora das cidades.
O segundo estágio será quando
as operações aleatórias estiverem
terminado. Como na Iugoslávia, o
regime iraquiano distribuiu dinheiro e armas em várias partes
do país. Então deve haver estoques disponíveis para infligir baixas consideráveis.
Folha - Os EUA podem ter problemas caso não prendam Saddam
Hussein, repetindo-se o que aconteceu com Bin Laden?
Frye - Não me preocupo muito.
A partir do momento em que perdeu o controle do território, Saddam tem muito menos apelo que
Bin Laden em termos ideológicos.
Folha - Como a opinião pública
americana reagiria ao fato de não
capturar Saddam Hussein?
Frye - Há duas possibilidades.
Uma é que se saiba que ele está vivo e tentando criar problema. Então haverá uma demanda para
que ele seja perseguido. Outra é
que ele não seja descoberto nem
encontrado morto, o que é provável. A melhor comparação é com
Adolf Hitler. Houve um período
de anos em que não tínhamos certeza se ele havia morrido e havia a
preocupação de que ele poderia
reagrupar simpatizantes nazistas.
Isso é quase impossível no caso de
Saddam. Penso que até a Síria relutaria em lhe abrigar.
Folha - Quais serão os próximos
passos dos EUA por lá?
Frye - Tem de haver um foco em
manter a segurança no Afeganistão e instalar um autogoverno no
Iraque. Na minha opinião, tem de
haver um papel crescente da
ONU, encorajado pelos EUA. Teremos de assumir que deveremos
ter presença militar por lá durante
muito tempo.
Folha - Há uma corrente que diz
que Bush tem agora de cuidar da
economia doméstica, para não repetir o que houve com seu pai. O sr.
vê espaço para os EUA abrirem uma
nova guerra ainda durante este
mandato dele?
Frye - Duvido, seria preciso uma
circunstância extraordinária, crises imprevisíveis. Bush não quer
fazer isso de novo, ele tem de se
concentrar em colocar a economia no caminho certo. O sucesso
no Iraque daria um maravilhoso
sentimento de alívio na população, mas não acrescentaria nada à
reeleição. A situação será muito
parecida com a do seu pai. Sua
popularidade está alta, mas não
garante sua reeleição.
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