São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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análise

Pela 1ª vez, Mercosul não é poupado

DO ENVIADO A CIUDAD GUAYANA

A retomada das nacionalizações nos últimos dias é um sinal de que o presidente Hugo Chávez está disposto a controlar áreas consideradas estratégicas mesmo que isso implique arriscar relações com governos e empresas de países próximos de Caracas, como a Argentina e o Brasil.
No ano passado, as nacionalizações atingiram principalmente empresas norte-americanas e, em menor escala, européias. Foi o caso do setores de telecomunicações e eletricidade, antes sob o controle de capital americano, e das operações de exploração e refino do petróleo ultrapesado da faixa do Orinoco, onde as empresas dos Estados Unidos tinham mais peso do que as européias.
Com a nacionalização da Sidor, Chávez atinge a Techint e a Usiminas, empresas sediadas em países do Mercosul, bloco no qual a Venezuela quer ingressar - a entrada ainda depende das ratificações dos Parlamentos brasileiro e paraguaio. Caso a estatização seja turbulenta, há o risco de a aprovação se complicar ainda mais.
O caso Sidor, além disso, é o primeiro exemplo às empresas da região de que Chávez não respeita investimentos de países com os quais mantém boas relações. Isso num momento em que o governo venezuelano tenta atrair capital e tecnologia tanto da Argentina quanto do Brasil para desenvolver sua agroindústria e outros setores em que não tem nenhuma tradição.
É verdade que a maioria das empresas aceitou as nacionalizações sem recorrer à Justiça, com a exceção das petroleiras americanas Exxon e ConocoPhilips. Mas isso não é nenhum incentivo para investir na Venezuela, só para sair. (FM)


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