São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Para Amorim, ilha é grande teste de Obama

JULIANA ENNES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

O chanceler Celso Amorim afirmou ontem que o grande teste para Barack Obama será a relação com Havana: "O grande teste para os EUA vai ser Cuba. Se o presidente disser que está aberto ao diálogo com Cuba sem condições prévias, poderá haver gestos concretos".
Amorim volta a defender diálogo do novo governo americano com o regime comunista um dia depois de receber em Brasília o novo chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, e às vésperas da Cúpula das Américas, primeiro compromisso de Obama na região, em Trinidad e Tobago.
Rodríguez, que também se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, escolheu o Brasil, e não a também aliada Venezuela, como destino de sua primeira viagem oficial no cargo que ocupa desde o mês passado. Antes de vir a Brasília, o novo chanceler havia se reunido com congressistas americanos em Havana.
Após ministrar aula no 6º Curso para Diplomatas Sul-Americanos ontem no Rio, Amorim disse ainda que o Brasil poderá ajudar a Venezuela a estreitar laços com os EUA na cúpula. O chanceler avaliou que o entendimento entre os dois países pode ficar mais próximo.
Indagado se o Brasil mediaria uma tentativa de entendimento, Amorim respondeu que os dois países "não precisam de mediadores". Usou, no entanto, o termo "ajudar" ao descrever o papel do Brasil e disse que o país sempre tentou atenuar o conflito. "Podendo ajudar, sempre temos ajudado".
Segundo Amorim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem conversado tanto com o americano Barack Obama quanto com o venezuelano Hugo Chávez sobre o entendimento: "Ele tem dito que é uma oportunidade para o diálogo".
A aproximação poderá ocorrer em um encontro entre os dois presidentes já na cúpula da próxima semana.
Como a Folha revelou há uma semana, Lula levantou o tema durante o encontro que teve com Obama, em Washington, em março.
Na ocasião, Lula disse abertamente ao colega americano que o venezuelano havia lhe pedido "um canal de diálogo" com os EUA.
"Eu acho que é preciso haver um crédito de confiança recíproca para que as cicatrizes do passado não continuem a ser um impedimento para a melhoria das relações no futuro", afirmou Amorim ontem.
O lado positivo de Obama, continuou, seria não ter a "bagagem, o peso da relação entre [seu antecessor George W.] Bush e Chávez".


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