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Irã inaugura usina de combustível nuclear
Um dia após EUA aceitarem negociação direta, Teerã anuncia testes e diz só acatar diálogo baseado em respeito
DA REDAÇÃO
Um dia após os EUA aceitarem negociar diretamente com
Teerã sobre o programa nuclear iraniano, o Irã inaugurou
ontem sua primeira usina de
combustível nuclear, marcando as celebrações do Dia Nuclear nacional.
Na abertura da planta de Isfahan, transmitida pela TV iraniana, o presidente Mahmoud
Ahmadinejad afirmou que o
programa atômico se consolidou apesar das sanções externas e anunciou testes de dois
novos tipos de centrífugas de
enriquecimento de urânio.
O Irã alcançou o progresso
nuclear sob "as piores pressões
políticas e psicológicas, incluindo a ameaça de invasão
militar", disse Ahmadinejad.
"Hoje todo o mundo sabe que o
povo iraniano busca justiça e
perseguirá seus objetivos a despeito da pressão dos inimigos."
Em resposta vaga ao apelo
americano por diálogo, na véspera, o presidente afirmou que
seu país está pronto para as negociações "se elas forem baseadas no respeito e na justiça".
Contrariando temores dos
EUA e de países europeus de
que busque uma bomba, o Irã
afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos, legítimos sob a lei internacional.
O presidente da organização
iraniana de energia atômica,
Gholam-Reza Aghazadeh,
anunciou que o Irã possui hoje
7.000 centrífugas de enriquecimento de urânio -mil a mais
que o número divulgado em fevereiro. Relatório da AIEA
(agência atômica da ONU) confirmou, em 2007, a existência
de 3.000 centrífugas.
Com a planta em Isfahan,
Teerã alega ter completado o
ciclo de produção de combustível nuclear. O urânio enriquecido alimenta reatores -que,
conforme o grau de enriquecimento, podem produzir energia, isótopos para a indústria
médica ou armas nucleares.
A nova planta, a mais moderna do país, abastecerá o reator
do complexo nuclear de Arak,
cujas obras devem acabar neste
ano. Pivô do programa nuclear
iraniano, o reator de água pesada de Arak produzirá como
subproduto plutônio, necessário para ogivas atômicas.
Segundo o Irã, a usina tem
capacidade de produzir 10 toneladas anuais de combustível
para o reator de água pesada e
30 toneladas para os futuros
reatores de água leve.
Progresso sob suspeita
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, minimizou os avanços anunciados
por Ahmadinejad: "Não sabemos no que acreditar".
No passado, Teerã superestimou seu estágio técnico para
reforçar o poder de barganha
nas negociações com as potências que pressionam pela suspensão do programa nuclear. O
grupo, conhecido como P5 + 1
-países do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha-,
convidou o Irã a retomar as
conversas congeladas em 2008.
Segundo Hillary, os EUA não
veem as declarações de Ahmadinejad como uma negativa ao
convite para o diálogo direto.
O Irã cobra o fim das sanções
e vê com cautela a proposta de
aproximação do presidente Barack Obama. Os dois países
romperam laços há 29 anos.
Com agências internacionais
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