São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Irã inaugura usina de combustível nuclear

Um dia após EUA aceitarem negociação direta, Teerã anuncia testes e diz só acatar diálogo baseado em respeito

DA REDAÇÃO

Um dia após os EUA aceitarem negociar diretamente com Teerã sobre o programa nuclear iraniano, o Irã inaugurou ontem sua primeira usina de combustível nuclear, marcando as celebrações do Dia Nuclear nacional.
Na abertura da planta de Isfahan, transmitida pela TV iraniana, o presidente Mahmoud Ahmadinejad afirmou que o programa atômico se consolidou apesar das sanções externas e anunciou testes de dois novos tipos de centrífugas de enriquecimento de urânio.
O Irã alcançou o progresso nuclear sob "as piores pressões políticas e psicológicas, incluindo a ameaça de invasão militar", disse Ahmadinejad. "Hoje todo o mundo sabe que o povo iraniano busca justiça e perseguirá seus objetivos a despeito da pressão dos inimigos."
Em resposta vaga ao apelo americano por diálogo, na véspera, o presidente afirmou que seu país está pronto para as negociações "se elas forem baseadas no respeito e na justiça". Contrariando temores dos EUA e de países europeus de que busque uma bomba, o Irã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos, legítimos sob a lei internacional.
O presidente da organização iraniana de energia atômica, Gholam-Reza Aghazadeh, anunciou que o Irã possui hoje 7.000 centrífugas de enriquecimento de urânio -mil a mais que o número divulgado em fevereiro. Relatório da AIEA (agência atômica da ONU) confirmou, em 2007, a existência de 3.000 centrífugas.
Com a planta em Isfahan, Teerã alega ter completado o ciclo de produção de combustível nuclear. O urânio enriquecido alimenta reatores -que, conforme o grau de enriquecimento, podem produzir energia, isótopos para a indústria médica ou armas nucleares.
A nova planta, a mais moderna do país, abastecerá o reator do complexo nuclear de Arak, cujas obras devem acabar neste ano. Pivô do programa nuclear iraniano, o reator de água pesada de Arak produzirá como subproduto plutônio, necessário para ogivas atômicas.
Segundo o Irã, a usina tem capacidade de produzir 10 toneladas anuais de combustível para o reator de água pesada e 30 toneladas para os futuros reatores de água leve.

Progresso sob suspeita
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, minimizou os avanços anunciados por Ahmadinejad: "Não sabemos no que acreditar".
No passado, Teerã superestimou seu estágio técnico para reforçar o poder de barganha nas negociações com as potências que pressionam pela suspensão do programa nuclear. O grupo, conhecido como P5 + 1 -países do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha-, convidou o Irã a retomar as conversas congeladas em 2008.
Segundo Hillary, os EUA não veem as declarações de Ahmadinejad como uma negativa ao convite para o diálogo direto.
O Irã cobra o fim das sanções e vê com cautela a proposta de aproximação do presidente Barack Obama. Os dois países romperam laços há 29 anos.


Com agências internacionais


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