São Paulo, sábado, 10 de abril de 2010

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Juiz da Suprema Corte dos EUA deixará cargo

Com aposentadoria de John Paul Stevens, 89, Obama vai poder indicar seu segundo nome para tribunal

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Às vésperas de completar 90 anos, o juiz John Paul Stevens, líder da ala mais à esquerda da Suprema Corte americana, apresentou o seu pedido de aposentadoria, ontem, em carta de um parágrafo ao presidente dos EUA, Barack Obama.
A saída de Stevens, que foi nomeado em 1975 pelo presidente Gerald Ford, é mais uma oportunidade para que Obama imprima a direção que gostaria de dar ao órgão. Em agosto passado, ele conseguiu a aprovação do Senado à nomeação da juíza Sonia Sotomayor, a primeira latina e terceira mulher a integrar a Corte.
Stevens, o mais antigo membro ativo na instituição, escreveu ao presidente que, "tendo concluído que seria do melhor interesse da Corte ter o meu sucessor nomeado e confirmado bem antes do início do próximo ano judiciário [em outubro], devo me aposentar das atividades regulares como juiz". Ele deixa a Suprema Corte no fim do atual ano judiciário, entre o fim de junho e o início de julho.
Obama, ao voltar de viagem a Praga, onde assinou, anteontem, novo tratado nuclear com a Rússia, afirmou que buscará nas próximas semanas um substituto para Stevens, a quem se referiu como "brilhante, isento e pragmático".
"Apesar de não podermos substituir a experiência e a sabedoria do juiz Stevens, procurarei alguém com qualidades semelhantes: uma mente independente, um histórico de excelência e integridade, uma dedicação feroz ao Estado de Direito e um entendimento afiado de como a lei afeta a vida diária do povo americano", disse o presidente americano.
A aposentadoria de Stevens era esperada pelo governo, e já há especulações sobre quem será o indicado a ocupar a sua vaga. Os principais nomes aventados até agora chegaram a ser cogitados para o lugar hoje ocupado por Sotomayor.
A lista inclui Elena Kagan, 49, nomeada por Obama para representar o governo ante à Suprema Corte, os juízes Diane Wood, 59, e Merrick Garland, 57, e o advogado do Departamento de Estado Harold Koh, 55, que, se escolhido, seria o primeiro juiz asiático-americano da Suprema Corte.
A saída de John Paul Stevens, que já vinha sinalizando o desejo de se aposentar, não deve mudar o equilíbrio de forças da instituição, já que Obama não deve indicar alguém da ala conservadora. Ele precisará, porém, enfrentar a oposição republicana no Senado, incumbido de aprovar a nomeação.
Quando escolheu a juíza Sotomayor, os democratas ainda contavam com 60 votos no Senado, necessários para impedir que a oposição obstrua a decisão. Hoje, os 59 votos governistas não garantem a nomeação do escolhido.
Para dificultar o cenário político, a decisão de Obama acontecerá meses antes das eleições legislativas nos EUA, em novembro, em uma época de disputa acirrada de poder entre os dois partidos. Isso pode significar a opção por um nome que não incomode os republicanos, para não diminuir ainda mais as chances de Obama de ter esse e outros pedidos aprovados, em plena corrida eleitoral.


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