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Juiz da Suprema Corte dos EUA deixará cargo
Com aposentadoria de John Paul Stevens, 89, Obama vai poder indicar seu segundo nome para tribunal
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Às vésperas de completar 90
anos, o juiz John Paul Stevens,
líder da ala mais à esquerda da
Suprema Corte americana,
apresentou o seu pedido de
aposentadoria, ontem, em carta de um parágrafo ao presidente dos EUA, Barack Obama.
A saída de Stevens, que foi
nomeado em 1975 pelo presidente Gerald Ford, é mais uma
oportunidade para que Obama
imprima a direção que gostaria
de dar ao órgão. Em agosto passado, ele conseguiu a aprovação
do Senado à nomeação da juíza
Sonia Sotomayor, a primeira
latina e terceira mulher a integrar a Corte.
Stevens, o mais antigo membro ativo na instituição, escreveu ao presidente que, "tendo
concluído que seria do melhor
interesse da Corte ter o meu sucessor nomeado e confirmado
bem antes do início do próximo
ano judiciário [em outubro],
devo me aposentar das atividades regulares como juiz". Ele
deixa a Suprema Corte no fim
do atual ano judiciário, entre o
fim de junho e o início de julho.
Obama, ao voltar de viagem a
Praga, onde assinou, anteontem, novo tratado nuclear com
a Rússia, afirmou que buscará
nas próximas semanas um
substituto para Stevens, a
quem se referiu como "brilhante, isento e pragmático".
"Apesar de não podermos
substituir a experiência e a sabedoria do juiz Stevens, procurarei alguém com qualidades
semelhantes: uma mente independente, um histórico de excelência e integridade, uma dedicação feroz ao Estado de Direito e um entendimento afiado de como a lei afeta a vida diária do povo americano", disse o
presidente americano.
A aposentadoria de Stevens
era esperada pelo governo, e já
há especulações sobre quem
será o indicado a ocupar a sua
vaga. Os principais nomes
aventados até agora chegaram
a ser cogitados para o lugar hoje
ocupado por Sotomayor.
A lista inclui Elena Kagan,
49, nomeada por Obama para
representar o governo ante à
Suprema Corte, os juízes Diane
Wood, 59, e Merrick Garland,
57, e o advogado do Departamento de Estado Harold Koh,
55, que, se escolhido, seria o
primeiro juiz asiático-americano da Suprema Corte.
A saída de John Paul Stevens,
que já vinha sinalizando o desejo de se aposentar, não deve
mudar o equilíbrio de forças da
instituição, já que Obama não
deve indicar alguém da ala conservadora. Ele precisará, porém, enfrentar a oposição republicana no Senado, incumbido
de aprovar a nomeação.
Quando escolheu a juíza Sotomayor, os democratas ainda
contavam com 60 votos no Senado, necessários para impedir
que a oposição obstrua a decisão. Hoje, os 59 votos governistas não garantem a nomeação
do escolhido.
Para dificultar o cenário político, a decisão de Obama acontecerá meses antes das eleições
legislativas nos EUA, em novembro, em uma época de disputa acirrada de poder entre os
dois partidos. Isso pode significar a opção por um nome que
não incomode os republicanos,
para não diminuir ainda mais
as chances de Obama de ter esse e outros pedidos aprovados,
em plena corrida eleitoral.
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