São Paulo, sábado, 10 de abril de 2010

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Americana devolve filho adotivo russo

Mulher do Tennessee põe Artyom, 7, em avião a Moscou, com bilhete dizendo que ele é "psicologicamente instável" e "violento"

Rússia diz que caso é "gota d'água" e pede suspensão de todas as adoções de russos por americanos até que haja acordo bilateral


DA REDAÇÃO

O governo da Rússia pediu ontem a paralisação das adoções dos EUA no país depois que uma mulher americana devolveu seu filho adotivo russo de sete anos, colocando-o em um voo de Washington a Moscou sem passagem de volta.
Artyom Savelyev, 7, chamado de Justin Hansen por sua família adotiva de Shelbyville, Tennessee, chegou ao aeroporto de Moscou anteontem, desacompanhado e portando um bilhete de sua mãe adotiva que dizia: "Esta criança é psicologicamente instável. Ela é violenta e tem graves problemas psicopáticos. O orfanato russo [que cuidara da adoção, há seis meses] me enganou. Pela segurança de minha família, não quero mais ser sua mãe".
A criança foi levada por um guia turístico, pago pela família americana, ao Ministério da Educação russo.
Segundo Nancy Hansen, a avó adotiva de Artyom, ele tratava a mãe, Torry, de forma violenta. Ela nega que a criança tenha sido abandonada, pois foi cuidada por uma aeromoça durante o voo, e a família pagou um homem "respeitável" para buscar Artyom no aeroporto moscovita. Torry está sendo investigada pela polícia do Tennessee, que até ontem não a acusara formalmente.
Artyom estava ontem em um hospital moscovita para um check-up, até que se decidisse quem cuidaria dele. Segundo um oficial do Kremlin, ele se queixou de que Torry era "má" e "não o amava". Deve haver uma investigação russa para determinar se a adoção ocorreu dentro da lei.
O caso teve forte repercussão na Rússia, onde, em geral, as adoções de crianças locais por ocidentais são vistas como uma humilhação. O embaixador dos EUA em Moscou, John Beyrle, se disse "chocado" com o caso.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que Artyom foi tratado de forma "imoral" e que a história foi "a gota d'água" -três crianças russas morreram após supostos abusos de pais americanos entre 2006 e 2010. Ele pediu a suspensão das adoções até que haja um acordo bilateral, impondo condições às famílias adotivas.
P.J. Crowley, porta-voz do Departamento de Estado, disse que o governo dos EUA estava "perturbado" pelo caso, mas que não quer que isso afete futuras adoções e que haverá um trabalho conjunto para proteger as crianças adotadas. Segundo a Chancelaria americana, 1.586 crianças russas foram adotadas nos EUA em 2009.

Com agências internacionais



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