São Paulo, sábado, 10 de maio de 1997.



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Miliciano cristão recebe terceira condenação

das agências internacionais

Samir Geagea, ex-líder da milícia cristã Forças Libanesas, foi condenado à morte pela tentativa de assassinato de um ministro em 1991. A Corte Suprema comutou a sentença para prisão perpétua.
Geagea já cumpre duas outras penas de prisão perpétua. Uma pelo assassinato do líder político cristão Dany Chamoun e de sua família. A outra pela morte de Antoine Zayek, fundador das Forças Libanesas.
Advogados de Geagea dizem que ele está há três anos numa solitária no porão do Ministério da Defesa sem nenhum contato com o mundo exterior. Ele nem sequer compareceu a esse novo julgamento.
Desta vez, Geagea foi condenado como mandante do assassinato de Michel al Murr. À época, al Murr, um cristão ortodoxo, era ministro da Defesa. Atualmente é ministro do Interior.
As lideranças cristãs do Líbano haviam pedido à Suprema Corte que adiasse a decisão sobre o caso por causa da visita do papa. O presidente da Corte, Phillipe Kairallah, recusou, alegando que não poderia admitir interferências externas nos trabalhos.
Geagea é o único líder de milícias que lutaram na guerra civil que enfrentou julgamentos. O patriarca cristão Nasrallah Sfeir diz que isso mostra a marginalização que a comunidade sofre no país. "Ou todos são processado, ou ninguém é processado", reivindica Sfeir.
Ele deve entregar ao papa uma carta dos advogados de Geagea. Nela, dizem que Geagea é perseguido por não ter aceitado participar do governo montado depois do acordo de Taef.
"Isso mostra que o acordo não conseguiu cumprir o compromisso de reconciliar as várias facções do Líbano", diz o texto.
Geagea também foi julgado -e inocentado- por causa do atentado a uma igreja do norte de Beirute em que 11 pessoas morreram em março de 94. Esse atentado foi o responsável pelo cancelamento da visita do papa que estava marcada para aquela época.
Geagea ainda aguarda julgamento por um quinto caso. Trata-se do assassinato, em 1987, do primeiro-ministro Rashid Karani, um muçulmano sunita. O helicóptero em que Karani viajava foi destruído por uma bomba acionada por controle remoto.



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