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RIVAIS CONSANGUÍNEOS
Pesquisa divulgada ontem afirma que "irmãos" genéticos teriam um ancestral comum
Árabes e judeus têm origem genética comum, diz estudo
MARCELO STAROBINAS E PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
Mais que "primos", árabes e judeus podem ser considerados irmãos geneticamente e teriam um
ancestral comum, segundo estudo divulgado ontem.
Pesquisadores norte-americanos, europeus, israelenses e sul-africanos analisaram 1.371 homens de várias partes do mundo,
incluindo o Oriente Médio, a Europa e a África, para observar
eventuais similaridades genéticas
e tentar traçar suas origens.
O estudo observou um grupo de
genes do cromossomo Y (presente exclusivamente nos homens) e
chegou à conclusão de que judeus
e árabes compartilham genes semelhantes.
"Os judeus são os irmãos genéticos de palestinos, sírios e libaneses, e todos eles compartilham
uma linha genética comum que se
estende até milhares de anos",
afirmam os pesquisadores na revista "Proceedings of the National
Academy of Sciences", publicação da Academia Nacional de
Ciências dos EUA.
Sérgio Dani, médico e geneticista molecular ligado à Faculdade
de Medicina da Universidade de
São Paulo em Ribeirão Preto, analisou a pesquisa, a pedido da Folha, e disse que o estudo leva a
crer realmente que árabes e judeus são "irmãos".
O trabalho reforça a antiga tese
de parentesco. Os dois povos
-que eventualmente costumam
se chamar de "primos"- são de
origem semita e da mesma região.
O árabe e o hebraico pertencem
à mesma família linguística. E as
crenças religiosas do judaísmo,
do cristianismo e do islamismo
apontam para um "pai" comum:
Abraão (leia texto abaixo).
No final do século 19, surgiu o
movimento sionista. Sua idéia
central era levar os judeus espalhados pelo mundo à Palestina
para formar um Estado judeu, o
que gerou disputas pela terra com
palestinos que ali viviam.
Mais intensamente após a criação do Estado de Israel, em 1948,
fraternidade é uma palavra de raras aparições na história das relações entre os "irmãos genéticos"
do Oriente Médio.
Israelenses e palestinos negociam há quase uma década um
acordo de paz definitivo.
Israel anunciou uma retirada do
sul do Líbano até 7 de julho, e o
governo discute com a Síria um
acordo para estabelecer relações
diplomáticas.
Paz
Já houve tréguas nessa guerra
entre irmãos. Na Península Ibérica, judeus e árabes (muçulmanos
e cristãos) tiveram convivência
muito mais pacífica -acompanhada de uma significativa produção científica e literária- , até
a expulsão da Espanha de 1492.
As negociações de paz em desenvolvimento no Oriente Médio,
que obtiveram importantes avanços, apesar dos ataques de extremistas de ambas as partes, levam
à esperança de um fim ao fratricídio deste século.
"A estreita afinidade (genética)
entre judeus e não-judeus do
Oriente Médio observada apóia a
hipótese de uma origem comum", diz Michael Hammer, da
Universidade de Tucson, no Arizona (EUA), principal responsável pelo estudo divulgado ontem.
Bomba étnica
Israel teria abortado o desenvolvimento de uma "bomba étnica"
-armamento que seria capaz de matar apenas seus inimigos árabes-
por causa das características genéticas semelhantes.
O projeto poderia atingir judeus, segundo pesquisadores de um instituto
biológico da cidade de Nes Tziona (próxima a Tel Aviv) ouvidos
pelo jornal britânico "Sunday Times", em novembro de 1998.
Israel teria aproveitado pesquisas iniciadas durante o apartheid na África
do Sul. Na década de 80, o governo segregacionista da minoria branca
tentou desenvolver uma arma biológica que atingisse apenas a população
negra. O governo israelense nunca confirmou a existência desses
estudos.
A análise genética demonstra ainda que os judeus tiveram
pouca miscigenação com outros povos.
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