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Sob locaute, piora embate entre ruralistas e Casa Rosada
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Ataques trocados entre o governo argentino e produtores
agropecuários marcaram ontem o segundo dia do segundo
locaute promovido pelo setor
em um período de dois meses
no país. Há protestos em 200
pontos de diferentes estradas
da Argentina.
O chefe-de-gabinete, Alberto
Fernández -o principal interlocutor do campo nos 37 dias de
trégua e de diálogos fracassados-, afirmou ontem que os
ruralistas "ficaram loucos".
"Já não sei o que fazer para
pôr ordem [na situação] com
essa gente", disse Fernández,
que acredita que uma briga interna entre os líderes do locaute tenha posto fim no diálogo.
Já o presidente da Federação
Agrária da Província de Entre
Ríos, Alfredo de Angeli, mandou mais um de seus recados à
presidente Cristina Kirchner
pela TV. "Aviso à presidente
que os soldados estão indo para
sua porta dos fundos."
O conflito começou em março, quando o governo decretou
o aumento de impostos para as
exportações de soja e girassol.
O setor agropecuário reagiu
com um locaute de três semanas que levou ao bloqueio de
estradas e gerou desabastecimento de alimentos. Por falta
de resultados nas negociações,
os produtores retomaram o locaute desde quinta-feira.
No novo protesto, que deve
durar oito dias, os ruralistas
não bloqueiam as estradas, mas
impedem a comercialização e o
trânsito de grãos para a exportação. Os produtores se concentram em cerca de 200 pontos em estradas das Províncias
de Buenos Aires, La Pampa,
Santa Fé, Córdoba e Entre Rios.
Conflito entre vizinhos
Em alguns dos protestos, os
caminhões vindos de outros
países são retidos durante algumas horas. A medida gerou um
conflito na madrugada de ontem quando um caminhoneiro
brasileiro decidiu interromper
a passagem de qualquer veículo
pela estrada de Chajarí, em Entre Ríos, já que não o deixavam
passar.
Outro motorista brasileiro
tentou furar o bloqueio. Segundo a imprensa local, houve confronto entre os caminhoneiros
e os produtores, e os vidros de
um dos caminhões foram quebrados.
Ontem, os líderes agropecuários organizaram um grande
ato na Província de Chaco, no
norte do país, e hoje haverá um
panelaço em Gualeguaychu,
convocado por De Angeli.
No protesto liderado pelo líder de Entre Ríos, todos os caminhões -não importa o que
carreguem- devem parar por
algumas horas.
Apesar de tentarem manter a
unidade, os líderes agropecuários já enfrentam algumas dissidências. Ontem, Oscar Carreras, presidente da Sancor, uma
das principais empresas de laticínios do país, afirmou que
"não se pode manter outros setores como reféns" e que "muitos produtores não se sentem
representados" pelos líderes
agropecuários.
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