São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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Pai abusador conta como aterrorizou filha no porão

Justiça austríaca prorroga prisão de Josef Fritzl

DA REDAÇÃO

A Justiça austríaca prorrogou ontem a prisão temporária do aposentado Josef Fritzl, 73, que por 24 anos manteve a filha encarcerada no porão de casa e a engravidou seis vezes. A prisão subterrânea foi descoberta há duas semanas, após a internação do jovem Kerstin, 19, primogênita de Josef e sua filha Elisabeth Fritzl.
Ele pode ser julgado por seqüestro, estupro e "homicídio por omissão de socorro". Uma das crianças nascidas no calabouço morreu ainda recém-nascida e teve o corpo queimado por Fritzl na calefação da casa. Três dos filhos de Elisabeth, inclusive um irmão gêmeo do bebê morto, eram criadas pela avó e pelo pai-avô, que simulou o abandono das crianças na porta da casa da família. Os outros três, inclusive Kertin, passaram toda a vida no porão.
Fritzl conta que não era difícil controlar a família secreta no calabouço, protegido por sete portas. Único que conhecia o código para abrir as fechaduras, ele diz que não precisou usar violência física para aterrorizá-los. A ameaça de um choque elétrico fatal mantinha a família bem longe da porta.
Segundo Fritzl, ninguém notou as obras do porão, que diz ter começado no início dos anos 80 -em 1984, aos 18 anos, a filha seria trancafiada no local. Se percebessem, afirma, não faria nenhuma diferença. "O depósito da minha casa pertencia a mim e somente a mim, era o meu reino", conta o patriarca, que jamais deixou a mulher, os filhos ou os locatários se aproximarem.
"Cresci na era nazista e rigor e disciplina eram muito importantes. Provavelmente inconscientemente absorvi algumas dessas coisas, o que é normal", conta Fritzl. "Mas não sou esse monstro que a mídia pinta", diz. Logo pondera: "Acho que, visto de fora, eu também pensaria que sou um monstro".
"Eu sabia que Elisabeth não queria, que estava machucando a minha filha. Mas o desejo de provar a fruta proibida era forte demais. Era como um vício", conta. Fritzl nega, porém, ter abusado da filha na infância e diz ter feito o possível para tornar o cativeiro confortável.


Com agências internacionais

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