DE JERUSALÉM

Depois de meses de paralisia no processo de paz, israelenses e palestinos finalmente deram início a conversas indiretas por intermédio do enviado dos EUA ao Oriente Médio, George Mitchell.
"Posso declarar oficialmente hoje [ontem] que as conversas de aproximação começaram", disse o principal negociador palestino, Saeb Erekat, após reunir-se com Mitchell.
O plano é que as conversas durem quatro meses e conduzam a negociações diretas para o estabelecimento de um Estado palestino. Mitchell alternará contatos com Israel em Jerusalém e os palestinos em Ramallah. Mas a retomada do processo começa em meio a um clima de intensa desconfiança.
Israel acusou ontem os palestinos de estarem por trás de uma campanha para frustrar a entrada do país na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que irá a votação hoje.
A última tentativa da Casa Branca de iniciar a mediação foi abortada em março, quando Israel anunciou a construção de 1.600 apartamentos em Ramat Shlomo, um assentamento judeu de Jerusalém Oriental, em plena visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden.
Em nota divulgada ontem, o Departamento de Estado americano disse que Israel concordou em congelar construções no local por dois anos como gesto para reduzir a desconfiança; os palestinos, por sua vez, comprometeram-se a conter o incitamento contra Israel.
O comunicado adverte ainda que aquele que tomar atitudes "que minem a confiança" será considerado responsável pelo eventual fracasso das conversas. A previsão é de que Mitchell volte à região na próxima semana para mais uma rodada.
O formato de conversas indiretas desagrada Israel. "Não dá para fazer a paz por controle remoto", disse o premiê israelense, Binyamin Netanyahu.
O contato indireto foi a forma encontrada pelos EUA para dobrar a liderança palestina, que resistia a voltar às negociações até que Israel congelasse a construção na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
(MN)

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