São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011

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Síria é acusada de usar campos de futebol como prisão

Para conter protestos, regime de Bashar Assad também teria cortado comunicações e energia em várias cidades

Denúncias são feitas por entidades de direitos humanos; aumenta a pressão internacional para isolar ditador


MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

As forças de segurança da Síria estão usando estádios de futebol para abrigar centenas de pessoas presas na repressão aos protestos contra o regime, segundo ativistas de direitos humanos.
Depois de sete semanas de protestos, com estimados 800 manifestantes mortos, o governo sírio intensifica o cerco militar, mas não consegue abafar a revolta.
Buscas de casa em casa foram feitas ontem nos arredores da capital, Damasco, e em Homs, terceira maior cidade do país, resultando em prisões em massa. O mesmo ocorreu na cidade litorânea de Banias, que o regime apontou como foco da ação de extremistas islâmicos.
Mais de 400 pessoas foram presas em Banias desde sábado, disse Abdul-Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos. Segundo ele, em Banias e em Daraa estádios de futebol estão servindo de cadeia.
Boa parte do país está isolada e às escuras. O regime cortou as linhas de telefone, internet e a eletricidade de várias cidades. Segundo a TV Al Jazeera, telefones por satélite pararam de funcionar.
Ontem, uma missão humanitária da ONU foi impedida de visitar Daraa, que foi cercada por tanques do Exército. Na semana passada, o ditador Bashar Assad prometera avaliar um pedido da ONU de acesso a Daraa.
O veto do regime à entrada de jornalistas estrangeiros dificulta a obtenção de relatos independentes.
Apesar do cerco do regime aos meios de comunicação, vídeos e fotos de supostos massacres cometidos pelas forças de segurança vazam na internet, com apoio de dissidentes no exterior.
Ao "New York Times", uma assessora do ditador sírio disse que o regime assumiu o controle da situação no país e manifestou otimismo em debelar os protestos.
Em meio à escalada de repressão da Síria, cresce a pressão para que o país desista de sua candidatura ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
A votação será na próxima semana, na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, quando serão eleitos 15 novos membros. Na tradição do sistema regional de rotatividade, a Síria concorre a uma das quatro vagas da Ásia.
Alguns países aderiram abertamente à campanha para impedir a entrada da Síria no órgão. O Brasil não revela seu voto, mas a Folha apurou que a candidatura síria não é vista com bons olhos no Itamaraty. Para a diplomacia brasileira, o ideal seria que o país desistisse da vaga.
A pressão internacional aumenta hoje, quando entram em vigor medidas aprovadas pela União Europeia contra a Síria, incluindo embargo à exportação de armas e sanção a 13 autoridades do regime ligadas à repressão.


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