São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011

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Imigrantes denunciam omissão de socorro

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

Enquanto governos europeus tentam saídas legais para fechar suas fronteiras, cresce o número de imigrantes africanos que chegam com histórias de tragédia no mar e recusa de socorro.
No fim de semana, uma somali chegou a Lampedusa (sul da Itália) em estado de choque. Disse a agentes de ajuda humanitária que viajava com o filho de quatro meses num barco que começou a afundar ao sair da Líbia.
Desorientada, dizia não saber o que aconteceu com a criança. Ela nadou até ser resgatada por outro barco.
Lampedusa (a apenas 120 km da costa da Tunísia) virou o símbolo dessa nova onda de imigrantes que começou em janeiro, com a queda do ditador tunisiano Ben Ali.
Agora vêm líbios e outros africanos que trabalhavam no país e fogem da violência.
Segundo relatos, muitos estão sendo obrigados a embarcar em pequenos barcos após terem seus pertences roubados ainda na Líbia.
A Itália diz que mais de 25 mil já chegaram a Lampedusa. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, foram 1.887 só no último fim de semana.
Ontem, o jornal britânico "The Guardian" publicou reportagem em que reconstrói a viagem de 72 africanos.
O barco em que estavam ficou à deriva e apenas 11 sobreviveram. Segundo relatos, as pessoas morreram de fome e sede. Os corpos foram atirados ao mar.
Ainda de acordo com sobreviventes, foi pedida ajuda a navios e a um helicóptero da Otan (aliança militar do ocidente). Eles teriam se negado a ajudar.
A Otan nega ter sido contatada, e o Conselho Europeu prometeu investigar.
Há interesse nas informações dos dois lados. Os imigrantes querem ampliar a visibilidade das tragédias para que haja pressão internacional. Esperam, assim, conseguir visto de permanência.
Já os governos europeus querem classificá-los como migrantes econômicos -não refugiados políticos-, que estão se aproveitando do caos no norte da África para fugir para a Europa. Querem fechar acordos para devolvê-los a seus países de origem o quanto antes.


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