São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

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Hillary luta contra imagem negativa

Duas novas biografias não-autorizadas ajudam a reforçar percepção de 40% dos eleitores sobre a ex-primeira-dama

Comando da campanha montou "Estado-Maior" para minimizar efeitos; ela ainda é favorita para ser a candidata democrata

Stefan Zaklin/Efe
Hillary debate com pré-candidatos democratas em Washington


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Já no começo de seu namoro com Bill, no começo dos anos 70, Hillary Clinton fez um "pacto secreto de ambição" que previa "revolucionar" o Partido Democrata, a conquista da Casa Branca para o futuro marido e, depois, oito anos na presidência para cada um dos dois.
Em 1992, o então ex-governador, enquanto empacotava as últimas coisas para assumir seu novo posto em Washington, chegou a pensar em se divorciar para ficar com uma milionária do Arkansas. Anos antes, Hillary cogitara disputar com o marido o governo daquele Estado como retaliação por uma de suas infidelidades.
Essas são apenas três das revelações que duas extensas e bem pesquisadas biografias sobre Hillary Clinton que acabam de chegar às livrarias dos EUA fazem sobre a ex-primeira-dama norte-americana. O momento de seu lançamento não poderia ser pior para ela.
A senadora em segundo mandato pelo Estado de Nova York é a favorita à indicação por seu partido para concorrer à presidência dos EUA, em 2008, pela oposição. Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, está pelo menos dez pontos percentuais à frente do segundo colocado, o senador negro Barack Obama (Illinois).
Mas pesquisa do Instituto Gallup feita nos últimos dias mostra que 40% dos eleitores têm uma imagem negativa da senadora, ante 58% dos que a vêem de forma positiva. Entre os cinco principais motivos citados pelos ouvidos estão "eu simplesmente não confio nela", "acho que ela é uma oportunista" e "ela muda muito de opinião" em temas importantes.
Os números são melhores do que os do ano passado (52% e 45%, respectivamente), mas ainda estão longe dos do auge do escândalo Monica Lewinski, em 1999, momento em que a mulher traída mereceu a melhor porcentagem de simpatia do país até hoje, 66%, um número que a futura política nunca repetiu na carreira.
Foi pensando nesses índices que a democrata montou uma seção em seu comando de campanha ocupada exclusivamente em identificar os "agressores" de sua imagem e tentar fazer valer -ou pelo menos ser ouvida- a versão da senadora. As faces mais evidentes são de Philippe Reines, porta-voz no Senado, e Howard Wolfson, seu equivalente da campanha.
Os dois terão muito trabalho. A começar pelo estrago feito pelos detalhes do suposto "pacto" em "Her Way -The Hopes and Ambitions of Hillary Rodham Clinton" (À Sua Maneira - A Esperança e as Ambições de Hillary Rodham Clinton, editora Little, Brown and Company), escrito pelos jornalistas Jeff Gerth e Don Van Natta Jr.
"Nos primeiros dias de seu romance", escrevem os autores, Hillary e Bill "fizeram um pacto secreto de ambição, cujos detalhes e importância permaneceram secretos nesses anos todos". O acordo, batizado pelo casal de "Projeto 20 Anos", previa inicialmente que os dois protagonizassem uma "revolução" no Partido Democrata.
Depois que Bill foi eleito para o primeiro de seus dois mandatos como presidente, em 1992, o pacto seria "ampliado" pelo casal e preveria então oito anos de presidência para ele e oito anos para ela. Gerth trabalhou no "New York Times" até 2006; Natta Jr. ainda é da equipe.
Já as questões de cama são tratadas com minúcia por Carl Bernstein, em seu "A Woman in Charge - The Life of Hillary Rodham Clinton" (Uma Mulher no Comando - A Vida de Hillary Rodham Clinton", Knopf).


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