|
Próximo Texto | Índice
Hillary luta contra imagem negativa
Duas novas biografias não-autorizadas ajudam a reforçar percepção de 40% dos eleitores sobre a ex-primeira-dama
Comando da campanha montou "Estado-Maior" para minimizar efeitos; ela ainda é favorita para ser
a candidata democrata
Stefan Zaklin/Efe
|
Hillary debate com pré-candidatos democratas em Washington |
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Já no começo de seu namoro
com Bill, no começo dos anos
70, Hillary Clinton fez um
"pacto secreto de ambição" que
previa "revolucionar" o Partido
Democrata, a conquista da Casa Branca para o futuro marido
e, depois, oito anos na presidência para cada um dos dois.
Em 1992, o então ex-governador, enquanto empacotava
as últimas coisas para assumir
seu novo posto em Washington, chegou a pensar em se divorciar para ficar com uma milionária do Arkansas. Anos antes, Hillary cogitara disputar
com o marido o governo daquele Estado como retaliação por
uma de suas infidelidades.
Essas são apenas três das revelações que duas extensas e
bem pesquisadas biografias sobre Hillary Clinton que acabam
de chegar às livrarias dos EUA
fazem sobre a ex-primeira-dama norte-americana. O momento de seu lançamento não
poderia ser pior para ela.
A senadora em segundo
mandato pelo Estado de Nova
York é a favorita à indicação
por seu partido para concorrer
à presidência dos EUA, em
2008, pela oposição. Segundo
as últimas pesquisas de intenção de voto, está pelo menos
dez pontos percentuais à frente
do segundo colocado, o senador
negro Barack Obama (Illinois).
Mas pesquisa do Instituto
Gallup feita nos últimos dias
mostra que 40% dos eleitores
têm uma imagem negativa da
senadora, ante 58% dos que a
vêem de forma positiva. Entre
os cinco principais motivos citados pelos ouvidos estão "eu
simplesmente não confio nela",
"acho que ela é uma oportunista" e "ela muda muito de opinião" em temas importantes.
Os números são melhores do
que os do ano passado (52% e
45%, respectivamente), mas
ainda estão longe dos do auge
do escândalo Monica Lewinski,
em 1999, momento em que a
mulher traída mereceu a melhor porcentagem de simpatia
do país até hoje, 66%, um número que a futura política nunca repetiu na carreira.
Foi pensando nesses índices
que a democrata montou uma
seção em seu comando de campanha ocupada exclusivamente
em identificar os "agressores"
de sua imagem e tentar fazer
valer -ou pelo menos ser ouvida- a versão da senadora. As
faces mais evidentes são de
Philippe Reines, porta-voz no
Senado, e Howard Wolfson, seu
equivalente da campanha.
Os dois terão muito trabalho.
A começar pelo estrago feito
pelos detalhes do suposto "pacto" em "Her Way -The Hopes
and Ambitions of Hillary Rodham Clinton" (À Sua Maneira
- A Esperança e as Ambições de
Hillary Rodham Clinton, editora Little, Brown and Company), escrito pelos jornalistas
Jeff Gerth e Don Van Natta Jr.
"Nos primeiros dias de seu
romance", escrevem os autores, Hillary e Bill "fizeram um
pacto secreto de ambição, cujos
detalhes e importância permaneceram secretos nesses anos
todos". O acordo, batizado pelo
casal de "Projeto 20 Anos", previa inicialmente que os dois
protagonizassem uma "revolução" no Partido Democrata.
Depois que Bill foi eleito para
o primeiro de seus dois mandatos como presidente, em 1992,
o pacto seria "ampliado" pelo
casal e preveria então oito anos
de presidência para ele e oito
anos para ela. Gerth trabalhou
no "New York Times" até 2006;
Natta Jr. ainda é da equipe.
Já as questões de cama são
tratadas com minúcia por Carl
Bernstein, em seu "A Woman
in Charge - The Life of Hillary
Rodham Clinton" (Uma Mulher no Comando - A Vida de
Hillary Rodham Clinton",
Knopf).
Próximo Texto: Tom de livros reflete relação conturbada com imprensa Índice
|