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Tom de livros reflete relação conturbada com imprensa
Candidata odeia jornalistas, segundo biógrafo
DE WASHINGTON
Antes mesmo de as duas biografias críticas a Hillary Clinton chegarem ao público, na semana passada, o comando da
campanha mostrou as armas.
"Fontes anônimas" vazaram a
blogs simpáticos à senadora
que um dos autores de "Her
Way", Jeff Gerth, é marido de
uma assessora de um candidato
nanico democrata, o senador
Chris Dodd (menos de 1% de
nas pesquisas).
Então, uma das testemunhas-chave do tal "pacto" entre
Hillary e o marido, o historiador Taylor Branch, resolveu vir
a público desdizer o que havia
dito aos autores. Ainda assim,
Gerth afirmou que a informação continuava valendo, pois
ele a confirmara também com o
ex-chefe de gabinete de Bill
Clinton, que teria ouvido a expressão "Projeto 20 Anos" do
próprio presidente, no AirForce One, em 1996.
Mesmo resenhistas isentos,
como Robert Dallek, reclamaram do que consideraram ser
um tom excessivamente crítico. "O livro é quase uniformemente negativo", escreveu o
historiador especializado em
presidentes norte-americanos,
que acaba de lançar o livro "Nixon and Kissinger", sobre a
complexa relação do republicano e seu secretário de Estado.
Como exemplo, Dallek cita a
crítica feita ao excesso de ambição da senadora. É uma qualidade desejável num presidente,
argumenta o historiador, e não
um defeito, como querem os
autores. Esse excesso, pergunta
ele, retoricamente, faz o casal
Clinton "diferente de qualquer
outra pessoa na política, incluindo Lincoln e Roosevelt?".
O problema, acredita Carl
Bernstein, o outro biógrafo, reside na relação de Hillary com a
imprensa norte-americana. Para o jornalista, que junto de Bob
Woodward ganharia o Pulitzer
pela série de denúncias que ajudaram a derrubar Richard Nixon em 1974, a senadora deveria parar de ver os jornalistas
"como um bloco único".
Hillary se recusou a falar com
Bernstein para seu "A Woman
in Charge", apesar de ambos se
conhecerem socialmente. Em
entrevista à ABC News, ele diria que, se pudesse fazer apenas
uma pergunta à senadora, seria
"por que você não quis falar comigo?". "Ela odeia a imprensa",
disse. E deveria superar isso
"porque é tolo e imaturo".
Bernstein passou oito anos
trabalhando na biografia, que
resultou num cartapácio de
628 páginas. Falou com 200
pessoas, muitas próximas ao
casal, mas suas duas principais
fontes são Betsy Wright, ex-chefe de gabinete de Bill durante o período no Arkansas, e Diane Blair, amiga íntima de Hillary morta em 2000, que planejava um livro ela própria.
Ele desmonta o conceito de
que Hillary seria uma "Lady
Macbeth" contemporânea, governando o país por trás da cadeira do marido. "Era mais uma
co-presidência", escreve. Entre
as revelações, a de que Bill pensava em se divorciar da mulher
já em 1989 ou 1990 -ela o impediu e o ameaçou.
"Hillary se casou com Bill
Clinton já sabendo que as chances de ele ser fiel eram menores
do que as de ele virar presidente dos Estados Unidos", escreve
Bernstein. Segundo o jornalista, a senadora contratou investigadores para desqualificar depoimentos de mulheres que ela
sabia serem ex-amantes de Bill.
(SÉRGIO DÁVILA)
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