|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Doação de alimentos é a menor em 47 anos
Relatório da ONU culpa alta nos preços por recorde negativo de 5,9 milhões de toneladas no ano passado
DO "FINANCIAL TIMES"
O volume de assistência alimentar caiu no ano passado ao
seu nível mais baixo em quase
50 anos, resultado do efeito negativo da alta nos preços das
commodities agrícolas -especialmente trigo, milho e arroz-
sobre as verbas dos doadores,
afirma um relatório das Nações
Unidas que será divulgado hoje.
O relatório Food Aid Flows
(fluxos de ajuda alimentar) estima que as doações de alimento tenham caído a 5,9 milhões
de toneladas no ano passado, o
total mais baixo desde a criação
do levantamento, em 1961 e
15% abaixo de 2006. O nível
mais baixo até então havia sido
registrado em 1973, quando o
mundo viveu crise alimentar.
O relatório do PAM (Programa Alimentar Mundial da
ONU) alerta que os recursos
disponíveis para assistência alimentar precisam ser ampliados, a fim de combater o impacto negativo da alta dos preços.
"Existe uma necessidade urgente de reverter essa tendência de queda", diz o relatório.
"É provável que os preços se
mantenham altos nos próximos anos. Isso poderia ameaçar as perspectivas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o combate à fome e à
subnutrição", afirma o estudo.
O alerta surge no momento
em que os preços do milho bateram novo recorde de alta. Os
preços da soja e trigo também
subiram, ameaçando causar
aumento ainda maior nos custos da assistência alimentar.
Os negociantes dizem que a
alta nos preços das commodities agrícolas se deve a uma elevação nos custos da agricultura
causadas pelos preços recorde
do petróleo e dos fertilizantes e
pelo clima desfavorável nos
EUA, na Argentina e na China.
O volume mundial de assistência alimentar vem caindo
desde 1999, quando ficou em 15
milhões de toneladas. No ano
passado, porém, a queda se acelerou ainda mais.
Os preços do trigo subiram
122% de 2000 a 2007; os do milho, 86%; e os do arroz, 62%. O
custo de transporte de alimentos dobrou no ano passado.
Joseete Sheran, diretora executiva do PAM, disse que "essa
é uma nova prova de que o dramático aumento nos preços das
commodities alimentícias está
exercendo impacto direto sobre a vida dos famintos".
Henk-Jan Brinkman, um dos
autores do relatório, disse que
os volumes de commodities
agrícolas que podiam ser comprados caíram com a alta dos
preços, porque a maioria das
organizações de assistência alimentar tem orçamentos fixos.
O aumento dos custos atingiu de forma especialmente severa as operações de assistência alimentar de organizações
não governamentais, com redução de volume da ordem de
19% no ano passado. Organizações multilaterais, como o
PAM, sofreram queda de 14%,
enquanto a assistência bilateral
entre os governos caiu 13%.
Texto Anterior: Texto refuta escalada na América do Sul Próximo Texto: Argentina: Impostos do campo vão para obras sociais, anuncia Cristina Índice
|