São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Doação de alimentos é a menor em 47 anos

Relatório da ONU culpa alta nos preços por recorde negativo de 5,9 milhões de toneladas no ano passado

DO "FINANCIAL TIMES"

O volume de assistência alimentar caiu no ano passado ao seu nível mais baixo em quase 50 anos, resultado do efeito negativo da alta nos preços das commodities agrícolas -especialmente trigo, milho e arroz- sobre as verbas dos doadores, afirma um relatório das Nações Unidas que será divulgado hoje.
O relatório Food Aid Flows (fluxos de ajuda alimentar) estima que as doações de alimento tenham caído a 5,9 milhões de toneladas no ano passado, o total mais baixo desde a criação do levantamento, em 1961 e 15% abaixo de 2006. O nível mais baixo até então havia sido registrado em 1973, quando o mundo viveu crise alimentar.
O relatório do PAM (Programa Alimentar Mundial da ONU) alerta que os recursos disponíveis para assistência alimentar precisam ser ampliados, a fim de combater o impacto negativo da alta dos preços. "Existe uma necessidade urgente de reverter essa tendência de queda", diz o relatório.
"É provável que os preços se mantenham altos nos próximos anos. Isso poderia ameaçar as perspectivas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o combate à fome e à subnutrição", afirma o estudo.
O alerta surge no momento em que os preços do milho bateram novo recorde de alta. Os preços da soja e trigo também subiram, ameaçando causar aumento ainda maior nos custos da assistência alimentar.
Os negociantes dizem que a alta nos preços das commodities agrícolas se deve a uma elevação nos custos da agricultura causadas pelos preços recorde do petróleo e dos fertilizantes e pelo clima desfavorável nos EUA, na Argentina e na China.
O volume mundial de assistência alimentar vem caindo desde 1999, quando ficou em 15 milhões de toneladas. No ano passado, porém, a queda se acelerou ainda mais.
Os preços do trigo subiram 122% de 2000 a 2007; os do milho, 86%; e os do arroz, 62%. O custo de transporte de alimentos dobrou no ano passado.
Joseete Sheran, diretora executiva do PAM, disse que "essa é uma nova prova de que o dramático aumento nos preços das commodities alimentícias está exercendo impacto direto sobre a vida dos famintos".
Henk-Jan Brinkman, um dos autores do relatório, disse que os volumes de commodities agrícolas que podiam ser comprados caíram com a alta dos preços, porque a maioria das organizações de assistência alimentar tem orçamentos fixos.
O aumento dos custos atingiu de forma especialmente severa as operações de assistência alimentar de organizações não governamentais, com redução de volume da ordem de 19% no ano passado. Organizações multilaterais, como o PAM, sofreram queda de 14%, enquanto a assistência bilateral entre os governos caiu 13%.


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